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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Mediação de conflitos no ambiente escolar

A divergência de opiniões, que deveria ser entendida como algo natural e necessário para a vida em comum, tem revelado um aspecto que impacta consideravelmente o processo de aprendizagem: a disputa no ambiente escolar, que pode gerar um cenário preocupante. De acordo com dados da Plataforma Conviva (sistema de ocorrências escolares), uma média de 108 casos de agressão física são registrados a cada dia letivo nas quase 5 mil escolas de São Paulo.

Nesse sentido, a mediação de conflitos mostra-se cada vez mais essencial para a promoção de relações interpessoais saudáveis, uma vez que permite aos envolvidos vivenciarem a escuta empática, bem como a construção de acordos de convivência e de restauração das relações.

Como aplicar a mediação de conflitos

O desenvolvimento de habilidades socioemocionais é o pilar da prevenção e resolução de conflitos. Aspectos como autogestão, autoconsciência, relacionamento interpessoal, consciência social e abertura ao novo possibilitam aos estudantes a construção de pontes de interlocução, a argumentação de forma respeitosa e a contribuição para a melhoria das relações.

Viver a cultura da paz, baseada no diálogo, vai muito além de promover um exercício intelectual ou discursivo sobre esses conceitos. É essencial vivenciar, no cotidiano, a prática da não violência, da cooperação e da empatia, com o objetivo de impactar verdadeiramente o comportamento.

Acolher e abordar as questões de conflito em ambiente de aprendizagem, seja por meio de rodas de conversa, assembleias ou círculos de restauração, de forma estruturada, torna-se essencial para promover um ambiente mais seguro, justo e com qualidade afetiva para todos. Estudo de casos e dramatizações, bem como espaços de escuta individualizada também são estratégias positivas a serem utilizadas.

A mediação de conflitos precisa ter um caráter preventivo, por meio de ações de reflexão sobre as dificuldades de relacionamento naturais da condição humana.

Parceria entre escola e família

Da mesma forma que os estudantes necessitam de escuta e de momentos planejados para interlocução em busca de soluções, o investimento no diálogo entre a família e a escola é essencial para o fortalecimento de laços e para reforçarmos propostas em comum que contribuam para a formação adequada dos discentes.

Nesse contexto, a parceria entre a família e a escola é fundamental para a adoção de condutas assertivas que estimulem a segurança de nossas crianças. Cabe ressaltar ainda, a importância de um discurso alinhado entre essas duas instituições, com um mesmo objetivo: o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de nossos estudantes.

A articulação do trabalho da orientação educacional e de toda a equipe pedagógica, promovendo o diálogo com os estudantes e suas famílias, visa acolher, legitimar sentimentos e fazer ajustes necessários, dentro dos limites das possibilidades institucionais.

Assim, com uma mediação de conflitos estratégica, será possível criar um ambiente escolar mais saudável e propício ao processo de aprendizagem de crianças e jovens.

Autora:

Maria Inês Pires de Campos Maia Szocs é Orientadora Educacional da unidade de São Paulo da Rede de Colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional sociointeracionista e alinhada às principais tendências do mercado de educação

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