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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Leilões digitais ganham força no Brasil e no mundo impulsionados por tecnologia, redes sociais e novos perfis de compradores

Cada vez mais democráticos e acessíveis, os leilões digitais estão rompendo com o passado, alcançando o público através de uma tela de computador ou smartphone. O que antes era um ambiente exclusivo, realizado em salões luxuosos e com participação restrita, agora está ao alcance de qualquer pessoa com acesso à internet.

Globalmente, esse mercado deve movimentar mais US$ 2,51 bilhões até 2027, com uma taxa de crescimento anual composta de 11,35%, segundo estudo da consultoria norte-americana Technavio Research.

No Brasil, houve um aumento expressivo de 8,5 vezes no volume de leilões de Logística Reversa no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados exclusivos da Kwara, plataforma que realiza a venda de bens, produtos e ativos de qualquer natureza para todo o Brasil. A digitalização permitiu à empresa, especializada em leilões online, expandir suas operações para 10 estados, com mais de 100 leilões realizados só nessa categoria no último ano.

Tecnologia e Sustentabilidade: Leilões como Motor da Economia Circular

A transformação digital dos leilões não representa apenas uma mudança de canal, mas uma revolução na forma como o mercado encara a sustentabilidade e a responsabilidade empresarial. Os leilões digitais tornaram-se instrumentos estratégicos para empresas que buscam otimizar suas práticas ESG (Environmental, Social and Governance), especialmente no que se refere à logística reversa e à economia circular. 

Conforme o relatório da ONU e da International Solid Waste, a economia circular pode gerar um ganho de US$108 bilhões para a economia global até 2050. Nesse contexto de valorização da economia circular, Thiago da Mata, CEO da Kwara, explica: “Estamos observando uma mudança de paradigma no mercado corporativo. As empresas não veem mais os leilões apenas como uma forma de recuperar capital de ativos ociosos, mas como uma ferramenta fundamental para suas estratégias de sustentabilidade e compliance ambiental. A logística reversa por meio de leilões digitais permite que produtos que seriam descartados ganhem uma segunda vida útil, reduzindo significativamente o impacto ambiental e criando valor onde antes havia apenas custo de descarte”.

A digitalização dos processos de leilão também contribui para a transparência e rastreabilidade exigidas pelos critérios ESG modernos. Cada transação fica registrada digitalmente, criando um histórico completo que facilita a prestação de contas para stakeholders e órgãos reguladores.

“A transformação digital não apenas ampliou nosso alcance geográfico, mas também diversificou completamente o perfil dos participantes. Hoje, vemos pessoas físicas, pequenos empreendedores e até grandes empresas participando dos leilões, o que era impensável no formato presencial tradicional”, afirma Thiago da Mata.

Tendência global: crescimento e sofisticação

Enquanto o mercado de luxo tradicional enfrentou desaceleração com crescimento de apenas 2% em 2024, o setor de leilões de itens de alto valor demonstrou notável resiliência. A Christie’s, uma das principais casas de leilão do mundo, registrou um aumento de 40% nas vendas de joias e bolsas de segunda mão nos últimos cinco anos, enquanto o número de leilões online cresceu 30%, segundo dados da própria empresa.

A Sotheby’s, outra gigante do setor, anunciou recentemente o maior leilão em 30 anos de relógios Breguet, evidenciando uma tendência crescente entre consumidores mais jovens: a busca por peças vintage e itens que não são mais produzidos. 

“O que observamos globalmente e replicamos no Brasil é uma democratização do acesso associada a uma curadoria de qualidade. A tecnologia nos permite criar experiências personalizadas de compra que atendem tanto o colecionador experiente quanto o iniciante”, acrescenta Thiago da Mata.  

Do tradicional ao online: um mercado em expansão

A migração do modelo tradicional para o digital trouxe ganhos concretos. Em 2024, o Brasil alcançou 187,9 milhões de usuários de internet — um acréscimo de 6,1 milhões em relação ao ano anterior, segundo o relatório da We Are Social. Esse avanço mostra que a digitalização impacta positivamente diversos setores, e o de leilões é um dos que mais têm se beneficiado. 

O formato online elimina barreiras geográficas, reduz custos operacionais e permite que os acessos aos leilões aconteçam 24 horas por dia, sete dias por semana. A transparência também aumenta, com históricos de lances disponíveis publicamente e processos mais rastreáveis.

“A digitalização descomplicou o universo dos leilões. O que antes era visto como um ambiente intimidador, hoje é acessível a qualquer pessoa com um smartphone. ‘Nossa plataforma registrou mais de 1 milhão de itens leiloados em 2024, com perfis de compradores extremamente diversificados”, destaca Da Mata.

Redes sociais e marketing de influência ajudam na popularização

Além das plataformas especializadas, as redes sociais têm desempenhado um papel importante na popularização dos leilões digitais. Isso porque os aplicativos como Facebook, YouTube, Instagram e TikTok, se tornaram mecanismos de busca alternativos populares como o Google, com cada vez mais pessoas usando estas plataformas para pesquisar sobre produtos diversos.

Conforme o relatório da Latam Intersect PR, intitulado “2025: O Futuro do Consumo de Mídias Sociais na América Latina”, 31% dos entrevistados usam o Facebook para pesquisar produtos antes de comprá-los, 28,7% usam o YouTube, e 23,4% usam o Instagram. Além disso, quase um terço (31,5%) dos entrevistados afirmam descobrir novos produtos por meio de plataformas de vídeo, como o YouTube (16,3%) e o TikTok (15,2%). 

“As redes sociais transformaram completamente nossa estratégia de comunicação e engajamento. Não se trata apenas de divulgar leilões, mas de educar o mercado sobre as oportunidades que esse formato oferece, tanto para compradores quanto para empresas que precisam otimizar seus ativos. Essa democratização da informação tem sido fundamental para ampliar nossa base de participantes e criar um ecossistema mais dinâmico e competitivo”, analisa Thiago. 

O estudo “Quem te Influencia?”, promovido pela MindMiners e a YOUPIX, mostra que 84% dos entrevistados já viram algum influenciador fazendo publicidade ou indicando algum produto nas redes sociais e canais digitais.

Diante desse cenário, os influenciadores com grande alcance têm promovido esse formato de maneira descontraída e acessível, tornando-o parte do cotidiano de novos públicos. “Um exemplo foi o leilão beneficente realizado pela influenciadora Blogueirinha, no final do ano passado, conosco. Em apenas três horas de duração, o leilão, arrecadou quase R$ 100 mil sendo realizado por meio de uma transmissão ao vivo nas redes sociais, misturando humor, entretenimento e vendas”, relembra o CEO da Kwara. 

Assim, a transformação digital dos leilões vai além da infraestrutura tecnológica: envolve também um novo imaginário coletivo, moldado por plataformas digitais, criadores de conteúdo e consumidores conectados. 

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