Artista plástica Beth Ferrante expõe seus trabalhos na mostra ‘Não sou teus olhos’, até 28 deste mês, na Galeria de Artes Candido Mendes, na Rua Joana Angélica, 63, Ipanema (RJ), de segunda a sexta-feira, das 14h às 19h, e sábado, das 14h às 18 horas. Beth não pinta para agradar, ela pinta para interpelar. Suas telas não oferecem descanso ao olhar, mas um chamado à vigília. “A exposição “Não sou teus olhos” não se apresenta como um inventário de imagens, mas como um território de insubmissão. Beth reúne aqui um conjunto de retratos de autorretratos -rostos de artistas mulheres que atravessaram, à sua maneira e com suas lutas, a história desigual da arte”, explica Denise Araripe, curadora da Galeria de Artes Candido Mendes.
Denise Araripe: “As obras não buscam fidelidade ao ‘original’, porque sabem que o original já é um corte, uma ausência forjada, uma omissão repetida.
Ferrante assume desvios deliberados. Como Frances Bacon e seu Papa retratado por Velázquez, cada pintura carrega o eco de uma voz que se recusou a desaparecer. Beth Ferrante compõe uma contra-história, feita de fragmentos, colagens e pigmentos. Uma galeria onde o olhar já não pertence ao outro, não retorna o que esperávamos ver – e onde o espelho, enfim, se quebra”, afirma Denise Araripe.
No cenário das artes plásticas brasileiras, sua obra não apenas ocupa espaço — amplia-o.
Beth Ferrante inscreve seu nome entre as vozes que não se calam. Uma galeria de retratos de autorretratos de artistas mulheres – todas emblemáticas à história da arte no Ocidente, América Latina, Leste Europeu, Oriente Médio e Brasil. Trata-se de uma contraofensiva à misoginia da história oficial da arte enquanto forma aguda da história da cultura ou das sociedades, marcada por programática supressão das contribuições femininas Este é o mote de “Não Sou Teus Olhos”.
Beth Ferrante — A exposição que requer uma visita além da contemplação
Beth Ferrante não reconcilia, tensiona, ela não elogia, mas confronta. Ao inscrever frases feministas sobre os retratos, como cicatrizes visíveis, ela faz da pintura uma arma contra o esquecimento. É arte que se recusa a ser neutra, que caminha ao lado das lutas que atravessam o país: o combate ao feminicídio, a denúncia das desigualdades históricas, a reinvenção de narrativas.


O b r a s e x i b i d a s
As feridas minh’alma em estro distância: a partir de “Autorretrato de Sofonisba Anguissola (1600);
Praga não baila: a partir de “Autorretrato de Gertrude Kauders (1930);
De-fumo: a partir de “Autorretrato de Djanira (1944);
Mulheres radicais: a partir de “autorretrato de Maria Luíza Bemberg (1990);
A arte que nos une: a partir de “Autorretrato de Tarsila do Amaral (1923);
La vie modern: a partir de “Autorretrato de Eva Gonzalès (1880);
Les temps: a partir de “Autorretrato de Berthe Morisot (1885).
Autor:
Alberto Corona