O Brasil está envelhecendo — e rápido. Segundo o IBGE, em 2030 teremos mais idosos do que crianças. Mas o que as empresas estão fazendo com essa informação? Ignorando.
O etarismo corporativo cresce silenciosamente, enquanto talentos com mais de 50 anos são dispensados com justificativas frágeis: “não são digitais”, “não têm perfil ágil”, “custam mais do que entregam”.
Mas a verdade é mais desconfortável: falta abertura para escutar quem enxerga o mundo por outra lente. Falta humildade para acolher quem já viveu crises, transições e recomeços — e sobreviveu a todas elas.
No livro Diversa-IDADE, que escrevi com Tati Gracia, uma frase tem ganhado destaque entre os leitores:
“Desperdiçar a experiência é desperdiçar a inteligência acumulada.”
E é exatamente isso que está acontecendo: aposentamos pessoas competentes antes da hora. Cancelamos a escuta madura no nome de uma juventude idealizada e, ironicamente, menos preparada para lidar com a complexidade.
Diversidade etária nas empresas não é tendência — é estratégia.
E mentoria reversa não é caridade — é vantagem competitiva.
Equipes multigeracionais entregam mais inovação, mais equilíbrio emocional e decisões com menos viés.
E a liderança jovem que se cerca de maturidade cresce mais rápido, com menos ruído e mais consistência.
Valorizar os profissionais 50+ não é sobre passado.
É sobre futuro — e sobre inteligência organizacional.
Willians Fiori é neurocientista, psicanalista e especialista em longevidade, diversidade etária e inovação no ambiente de trabalho. Professor no Hospital Israelita Albert Einstein e autor do livro Diversa-IDADE, atua como consultor e palestrante em empresas que desejam transformar discurso em prática e construir ambientes corporativos mais empáticos, produtivos e intergeracionais.