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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Não existe futuro , sem gente com passado

Você já parou pra pensar que, enquanto falamos de futuro nas empresas, estamos demitindo quem mais tem experiência pra construí-lo?

Tem algo profundamente incoerente na forma como tratamos o envelhecer no Brasil. O etarismo – preconceito por idade – não é só uma falha ética. É um erro estratégico. Um tiro no pé em plena corrida por inovação.

De acordo com o IBGE, o número de pessoas com mais de 60 anos deve ultrapassar o de crianças e adolescentes até 2030. Seremos um país mais grisalho do que jovem. E ainda assim, o mercado insiste em olhar para a juventude como sinônimo de potência, ignorando que potência mesmo vem da soma entre repertório, tempo vivido e capacidade de adaptação.

Um estudo da PwC mostrou que times com diversidade etária têm 20% mais chances de inovar. Outro levantamento, da McKinsey, revelou que empresas que abraçam a pluralidade de idades têm desempenho financeiro superior à média do setor. Mas ainda tratamos gente com rugas como se tivessem prazo de validade.

Eu e a Tatiana Gracia Falamos disso no livro “Diversa-IDADE” e aprofundo ainda mais no “Brasil 2060”. E se tem uma frase que resume tudo que estamos negligenciando, é esta: não existe futuro sem gente com passado.

O etarismo, muitas vezes sutil, aparece em frases inocentes como “ele está meio devagar”, ou “essa vaga é mais perfil júnior”. Mas o que está por trás disso é uma cultura que desvaloriza a sabedoria acumulada.

A ironia é que todos, sem exceção, estamos envelhecendo. Inclusive aqueles que hoje acham que isso é problema dos outros.

Se o futuro será de todos, então ele precisa incluir quem já construiu muito para que ele exista.

Ou aprendemos a respeitar o tempo dos outros, ou seremos vítimas do desprezo ao nosso próprio tempo.

Willians Fiori é neurocientista, psicanalista e especialista em longevidade, inovação e comunicação intergeracional. Atua como professor no Hospital Israelita Albert Einstein, autor de diversos livros, incluindo Diversa-IDADE e Brasil 2060. Com mais de 20 anos de experiência, é referência no debate sobre envelhecimento, diversidade geracional e saúde, conectando dados, empatia e estratégia em tudo o que faz.

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