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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Entre as tarifas e a esperança de um mundo melhor

Hoje acordei e, como quem abre a janela para o mundo, busquei notícias. O rosto da humanidade estava ali: exausto e monótono, como uma melodia presa em uma nota só.  Nada mudou, pensei. O velho jogo do poder segue, impassível, atravessando oceanos, muros e ideologias.

Os Estados Unidos, esse gigante que domina narrativas e define rumos, escolheu mais uma vez lançar chamas na fogueira global. Mas as armas agora são invisíveis: tarifas, sanções, negociações de bastidores. O campo de batalha já não cheira à pólvora, mas ao papel timbrado, à frieza dos números, à diplomacia com dentes à mostra. O tarifaço, que agora atinge o Brasil em 50% sobre nossas exportações, é mais que uma medida econômica — é um recado, um puxão de rédea, um aviso de quem quer manter o posto de condutor do Ocidente.

Mas o tabuleiro mudou. Na nova ordem mundial, outras peças ganham força: China, Rússia, nações emergentes, todos de olhos abertos para o trono que já não parece tão inabalável. O xadrez é dinâmico e, no fundo, talvez nunca tenha sido jogo de um só rei.

No meio desse embate de titãs, o Brasil caminha na corda bamba. Não bastasse o peso da tarifa, chega agora à exigência inédita: querem ditar os rumos do nosso próprio Supremo Tribunal Federal, interferir em processos que já seguem para o desfecho. Um ataque a nossa soberania nacional, sem armas. Em setenta anos de vida e nunca vi tamanha ousadia. A soberania, que parecia um direito inquestionável, vira peça de barganha.

Em momentos assim, o pensamento filosófico se impõe. Não sou político, não visto as máscaras do poder. Sou apenas alguém que observa — e sente. Sinto a tristeza de quem vê o essencial ser esquecido: a comida que falta à mesa de tanta gente, a saúde negligenciada, a moradia negada a milhões. Diante desse espetáculo de vaidades, me pergunto: para que tudo isso? Porque tanta ânsia de dominar, de impor, de vencer, se o que realmente importa; é a humanidade, é a partilha. Impossível permanecer à margem do que está acontecendo e não sentir uma profunda tristeza.

Por vezes, o desejo de fugir se insinua. Quisera eu abandonar tudo e buscar um refúgio silencioso, uma praia deserta onde o vento ainda sussurra liberdade e o horizonte não tem fronteiras. Mas sei que fugir não resolve: o mundo está em nós, onde quer que estejamos. Nosso compromisso é com a esperança, ainda que ela vacile.

Senhores do poder, ouçam o apelo sutil que ressoa por trás das manchetes e dos tratados: parem as guerras, sejam elas de aço ou de palavras, de tanques ou de tarifas. O planeta clama por convivência, por diálogo, por respeito. Que tal, por um instante, voltarmos os olhos para o que realmente sustenta a vida? Que tal reconstruir, juntos, um mundo habitável, justo e pacífico?

A esperança, dizem, é teimosa. E talvez seja preciso sermos teimosos também, insistindo na utopia de um mundo melhor. Que o amanhã traga, enfim, a notícia da paz.

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