Não sei como começar esta carta. Na verdade, já a escrevi mil vezes dentro da minha cabeça, durante as noites insones e nas ruas movimentadas, onde ainda olho ao redor esperando encontrar o teu olhar.
Antes de qualquer coisa: me perdoa pelo silêncio. Perdoa a partida brusca, sem explicação, mas foi o único jeito que encontrei de sobreviver a algo que já estava me matando por dentro: te amar em silêncio.
Eu te amei antes mesmo de eu entender o que era amor. Nunca te disse por medo, por covardia e por saber que você jamais me olharia da forma como eu olhava para você, eu me contentava com a tua presença e com a tua amizade… até que amar calado virou tortura.
Doía te ver com outros amores errados e saber que eu daria o mundo para ser o amor certo. Você nunca me escolheu, tudo bem. Não te culpo. Amar não é dívida, amor que exige ser retribuído não é amor. Eu fugi, te bloqueei. Desapareci! Foi o único jeito de me salvar. Fui embora, porém, nunca deixei de te amar. Sumi tentando enterrar esse amor, mesmo sabendo que ele já criou raízes demais.
Eu te amei, te amo e eu sempre te amarei.
Os anos passaram, o amor ficou. Precisei escrever esta carta, não para te pedir algo, mas para te contar tudo o que nunca tive coragem de dizer. Para me declarar. Para dizer que você foi e é o amor mais puro, mais bonito e mais impossível que já senti.
O amor doeu em silêncio por uma vida inteira. Não escrevo para te culpar, escrevo para desenterrar tudo o que me faz mal. Para tentar, de algum modo, deixar essa tristeza partir. Você nunca saberá tudo o que guardei. Mas, agora, pelo menos, não preciso mais esconder.
E se você me odiar por isso, tudo bem.
Com o amor de quem vai te amar para sempre,
Adeus.
PS: Obrigado por ser o amor mais impossível e, mesmo assim, o mais verdadeiro que já senti.
