Má alimentação, estresse e medicamentos estão entre as causas do problema, que tem crescido na infância
Dor na “boca do estômago”, náuseas, aftas e até mau hálito: sintomas que, à primeira vista, parecem típicos de adultos também estão cada vez mais presentes no universo infantil. A gastrite, inflamação da mucosa gástrica, tem sido diagnosticada com frequência em crianças — especialmente a partir da idade escolar — e exige atenção redobrada dos pais e cuidadores.
“Essa condição está cada vez mais presente em consultórios pediátricos. As causas frequentes são os erros alimentares, o uso prolongado de certos medicamentos e fatores emocionais, como a ansiedade”, explica a Dra. Daniele Pires Dias Alves, pediatra gastroenterologista da Clínica Pediátrica da Barra, no Rio de Janeiro.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), até 20% das crianças em idade escolar podem apresentar sintomas de distúrbios gastrointestinais funcionais ou inflamatórios. Já a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) alerta que o consumo precoce de alimentos ultraprocessados — que triplicou no Brasil entre crianças de 6 a 12 anos na última década — é um fator de risco direto para problemas gástricos, como gastrite e refluxo.
“Os principais fatores que levam à gastrite na infância são a alimentação inadequada — rica em gorduras, corantes, refrigerantes e ultraprocessados —, o uso prolongado de anti-inflamatórios e corticoides, fatores emocionais como estresse e ansiedade, além da infecção pela bactéria Helicobacter pylori em alguns casos. A rotina acelerada das famílias e o aumento da ansiedade infantil também têm contribuído para esse cenário”, explica a Dra. Daniele Pires Dias Alves.
Os sintomas mais frequentes da gastrite infantil incluem dor abdominal na região epigástrica após as refeições, aftas recorrentes, mau hálito persistente, náuseas, vômitos e sensibilidade ao toque na área do estômago.
“Podem ser sutis e se confundir com dores de barriga comuns. Por isso, a atenção dos pais e a escuta cuidadosa são fundamentais”, alerta a médica.
O diagnóstico geralmente é feito por meio de anamnese clínica e exame físico. Em casos mais persistentes, pode ser necessária a realização de uma endoscopia digestiva alta com anestesia geral, especialmente quando há suspeita de lesão mais profunda ou infecção por H. pylori. Sem o devido tratamento, a gastrite pode evoluir para quadros de emagrecimento, anemia, comprometimento do apetite e prejuízos no crescimento e desenvolvimento.
“A criança pode passar a comer menos, recusar alimentos e entrar num ciclo de perda nutricional perigoso para a sua faixa etária”, explica Dra. Daniele.
A boa notícia é que a doença pode ser prevenida com mudanças simples e eficazes no estilo de vida da criança. A principal delas é a adoção de uma alimentação equilibrada, rica em alimentos naturais e livres de corantes, frituras e industrializados.
“Evitar fast-foods, sucos artificiais e embutidos é essencial. Também vale observar como a criança lida com emoções e buscar ajuda se houver sinais de ansiedade ou estresse”, recomenda a médica.
O tratamento costuma envolver tanto ajustes na dieta quanto o uso de medicamentos gastroprotetores, sempre com orientação pediátrica. Se a criança apresenta dores abdominais frequentes, queimação, recusa se alimentar, vômitos ou outros sintomas persistentes, é hora de buscar a avaliação de um gastroenterologista pediátrico.
“Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores as chances de evitar complicações e restabelecer o bem-estar da criança”, finaliza a Dra. Daniele.
Sobre o Grupo Prontobaby:
O Grupo Prontobaby é responsável pelo maior número de atendimentos pediátricos de emergência, cirurgias e internações da rede privada de todo o Estado do Rio de Janeiro e conta com as seguintes unidades: ProntoBaby – Hospital da Criança, Centro Pediátrico da Lagoa, ProntoBaby Méier, ProntoBaby Leopoldina, Instituto de Especialidades Pediátricas – IEP, HomeBaby – Atenção Domiciliar e Clínica Pediátrica da Barra.
Autora:
Jéssica Leiras