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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Bilinguismo: a chave para uma aprendizagem eficiente

O bilinguismo tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre educação e desenvolvimento cognitivo, impulsionado pelas inúmeras evidências científicas que apontam seus benefícios. De acordo com a Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (Abebi), o Brasil conta com mais de 1,2 mil escolas que oferecem educação bilíngue, um aumento expressivo de 10% nos últimos cinco anos. E o que leva esse número a crescer? Muitos fatores podem explicar, como o desenvolvimento de capacidades mentais, além das vantagens sociais e culturais.

Da resolução de problemas a melhor performance no vestibular

Um estudo realizado pelo Instituto de Letras da UFBA (Universidade Federal da Bahia), evidenciou que a memória é um dos aspectos mais beneficiados a curto e longo prazo pelo bilinguismo, bem como a concentração e resolução de problemas. Isso porque, a aprendizagem de uma língua adicional apresenta fortes indícios de fortalecimento das sinapses e aumento da área cinzenta do cérebro, fomentando a flexibilidade cognitiva e as funções executivas.

Além disso, aprender outra língua torna os estudantes mais empáticos, flexíveis diante dos desafios e aumenta a capacidade de interação com outros indivíduos, já que o cérebro bilíngue torna-se mais ativo e, portanto, mais flexível. Assim, qualquer aprendizagem e desafio, sobretudo linguístico, afeta positivamente a neuroplasticidade.

O domínio de um ou mais idiomas costuma trazer ainda vantagens em tarefas como interpretação de texto e conexão entre as disciplinas, além de maior interesse por conhecimentos gerais, melhor desempenho nas habilidades de leitura e escrita além, é claro, de um maior repertório cultural, beneficiando imensamente a escrita da redação em um vestibular, por exemplo.

O bilinguismo na escola

A educação bilíngue no ambiente escolar, principalmente dentro da proposta CLIL (Content and Language Integrated Learning), em estruturas como Taxonomia de Bloom (ferramenta educacional que classifica os objetivos de aprendizagem), e em matrizes curriculares próprias, propicia inúmeras vantagens aos estudantes.

Afinal, integrar o currículo à língua adicional, com base no CEFR (Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas), padrão internacional que descreve a competência linguística em níveis, permite ao professor adaptar conteúdos e propor atividades que desenvolvam habilidades essenciais para o presente e o futuro, com temas que despertam mais interesse do que quando a língua é tratada isoladamente.

Adicionalmente, o docente pode fazer escolhas baseadas na realidade da escola e no perfil dos estudantes. Algumas dicas são mantê-los em contato constante com o idioma, oferecer contextos reais de uso, equilibrar as quatro habilidades (audição, fala, escrita e leitura) e garantir um ambiente acolhedor e motivador, que utilize pelo menos 90% da língua adicional.

O papel da família na aprendizagem bilíngue

A família precisa ter uma participação ativa, motivadora e engajadora nesse processo. Além do reforço positivo – que não deve ser confundido com educação permissiva – proporcionar atividades interativas e imersivas com o idioma fortalece não apenas o vínculo familiar, como também aumenta o interesse do estudante e permite que ele utilize o idioma fora do ambiente de aprendizagem.

Atividades como ouvir música juntos, jogar videogame, assistir a vlogs, filmes e séries em inglês, praticar jogos de tabuleiro, viajar, entre outras oportunidades recreativas e culturais são cruciais para o engajamento com os estudos de línguas adicionais.

Não menos importante, não há idade certa para aprender outros idiomas. É fato que quanto mais cedo, maiores os benefícios cognitivos, no entanto, muitas pessoas aprendem, com sucesso, depois de adultas. Isso mostra que ao permitir que o filho aprimore seu bilinguismo na escola, muitas famílias que ainda não o possuem podem ser impactadas positivamente.

Por fim, essa deve ser uma prática iniciada no ambiente escolar, mas perene. “Lifelong learning” ou “aprendizagem para toda a vida” é algo extremamente benéfico para todas as áreas, contribuindo significativamente para o desenvolvimento pessoal, profissional e social de cada indivíduo.

Autora:

Josiane Aparecida de Freitas é professora de Ensino Bilingue do Fundamental II da unidade de Muriaé da Rede de Colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional sociointeracionista e alinhada às principais tendências do mercado de educação.

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