Vivemos na era da hiperconexão… e da hiperdesconexão. Nunca estivemos tão colados nas telas e tão soltos na vida real. É o paradoxo do século: estamos cercados de gente o tempo todo, mas morrendo por dentro de solidão. Isso não é exagero. É estatística.
Durante o SXSW 2025, a cientista social Kasley Killam disse o que muitos evitam encarar:
“Se temos duas a três vezes mais chances de morrer por falta de conexões sociais… então relacionamento não é detalhe. É questão de sobrevivência.”
E é mesmo. O isolamento não é apenas emocional — é físico, neurológico, imunológico. Ele enfraquece o coração, atrofia o cérebro e sabota a saúde. Ainda assim, seguimos empurrando esse tema pro canto, como se “ter alguém” fosse luxo — quando, na verdade, é necessidade básica.
No Brasil, o país do “vem cá, senta aqui”, mais da metade da população se sente sozinha com frequência. E entre os mais velhos, a dor é silenciosa e constante: quase 20% vivem na solidão diária.
E há um detalhe que a correria da vida moderna insiste em ignorar: amizades profundas exigem tempo. A ciência aponta: são necessárias mais de 200 horas para consolidar uma conexão verdadeira. Mas quem tem 200 horas num mundo onde se valoriza mais o corre do que o encontro?
Kasley propôs um método simples e poderoso:
5-3-1.
Cinco conversas por semana. Três vínculos reforçados. Uma hora por dia dedicada a conexões reais.
É isso. Não é sobre likes. É sobre laços.
A saúde social precisa sair do rodapé e virar manchete. Porque, no fim das contas, o que salva a gente… é gente.
Willians Fiori
Especialista em gerações, longevidade e comportamento social. Atua com educação, inovação e saúde há mais de 20 anos, é palestrante, escritor e criador do Gerocast Podcast, com mais de 1400 episódios.