As tecnologias, além de fazerem parte dos grandes shows, jogos e espetáculos que ocorrem nos estádios, também são extremamente importantes para manter o funcionamento e a segurança das pessoas e do espaço. Os ativos nesses centros abrangem mais do que os gramados, piscinas e quadras, eles vão desde as praças de alimentação até as subestações de energia. Todas essas áreas precisam passar por uma manutenção para manter seu completo funcionamento, e é nesse ponto que ferramentas digitais se encontram.
As aplicações tecnológicas têm se tornado um pilar para essa proposta nos estádios. Recursos como Inteligência Artificial (IA), Internet of Things (IoT) e sistemas de gestão de manutenção (CMMS) são empregados e integrados, sendo protagonistas da manutenção dos ativos, mesmo que nos bastidores de toda a operação. Pode não parecer, mas eles contribuem até para a fluidez de um jogo de futebol em um dia chuvoso.
Benefícios e aplicações tecnológicas
Esses estádios podem usar IA para prever problemas, melhorando a alocação de equipes e reduzindo tempos de espera, o que aumenta a satisfação dos torcedores e patrocinadores. Todos os ativos precisam funcionar sem qualquer divergência e, por isso, os detalhes são fundamentais em dias de evento, como a regulação das luzes, da pressão da água, da temperatura dos ares-condicionados.
Esse volume de tarefas só se torna gerenciável a partir do uso de tecnologia em sistemas que tenham a capacidade de verificar de maneira integrada o status de cada ativo em tempo real. Uma aplicação pouco conhecida da IA, por exemplo, é nas bombas de drenagem do campo, pois ela garante que não haja falhas nos dias com grande volume de chuvas, mantendo o gramado e seus arredores livres de alagamentos.
Inteligência Artificial e IoT são as tecnologias mais usadas na manutenção digital atualmente. Nos estádios, elas monitoram e gerenciam diversas operações em tempo real. Os sensores IoT podem controlar a temperatura, umidade e condições do gramado, enquanto a IA pode prever falhas e otimizar a manutenção preventiva. Isso resulta em maior eficiência operacional, redução de custos e melhoria na experiência de espectadores presentes ou que acompanham via televisão, além de aumentar a segurança, o conforto e a eficiência das operações durante jogos e eventos.
Sustentabilidade nos estádios de futebol
A aplicação de práticas ESG (governança ambiental, social e corporativa) em estádios de futebol não é uma característica fora da curva no Brasil. Cerca de 80% dos estádios que sediaram a Série A do Campeonato Brasileiro em 2024 contam com algum projeto voltado para a sustentabilidade. A Arena Castelão, por exemplo, foi o primeiro da América do Sul a receber a certificação ambiental LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pelo Green Building Council, pela economia no consumo de água do esgoto.Somado a isso, o espaço também possui torneiras de fechamento automático, mictórios com sensores e um sistema de captação de águas pluviais, que é utilizado na irrigação do gramado, entre outras aplicações.
Aprimoramentos como os da Arena Castelão dependem do uso de tecnologia e sistemas de gestão. Essa integração pode reduzir a emissão de carbono e o consumo de energia e água, otimizar o uso de recursos e diminuir o desperdício, contribuindo para a sustentabilidade ambiental do estádio. Os torcedores, nesse caso, são o foco principal do “S” da sigla e desfrutam de maior conforto, além de disporem de maior inclusão digital. Por último, o quesito governança também é contemplado, considerando que as tecnologias proporcionam maior transparência e eficiência na gestão de ativos e operações.
Desafios do uso de tecnologia
A utilização da manutenção digital pode sofrer alguns obstáculos durante seu processo de implantação. Entre eles, um dos mais comuns é a falta de inventário, pois a ausência de cadastro de ativos impede a geração de Ordens de Serviço para eles. Para que o processo ocorra da maneira mais fluída possível, o primeiro passo é catalogar todas as áreas de interesse que demandam manutenção, caso contrário, a manutenção de um determinado setor ficará embargada até o devido registro.
A resistência a mudanças, que ainda é bastante presente nas equipes, também pode atrasar esse processo, uma vez que o uso de tecnologia exige novas capacitações, criação de processos, treinamento e desenvolvimento dos colaboradores. Ademais, a aplicação dessas etapas depende de um investimento financeiro para preparar a equipe e adquirir os softwares dos sistemas de manutenção.
Entretanto, a maioria dos estádios de futebol no Brasil possui uma infraestrutura antiga e conta com processos manuais. Consequentemente, ocorrem perda de dados, o que reforça a necessidade de modernização e concordância aos padrões internacionais, por meio da integração de ferramentas tecnológicas.
Soluções integradas que criam ecossistemas completos com a aplicação de tecnologias nos estádios de futebol auxiliam no processo de digitalização dos dados, monitoramento em tempo real dos ativos, automação de ordens de serviço, relatórios detalhados e geração de indicadores, garantindo, principalmente, a redução de custos operacionais e potencializando a eficiência do departamento de manutenção.

Autor:
Lucas Rufatto é Account Executive da Fracttal Brasil, startup que está revolucionando a manutenção e a gestão de ativos por meio de tecnologia de ponta.