Sentindo a água desenhando seu corpo, Júlio estava extremamente animado para se encontrar com Bianca como nos encontros que já tiveram.
Ela era um contatinho que ele tinha conhecido numa balada qualquer, mas, de longe, foi o melhor que já teve até então.
Demorando-se para se arrumar, Júlio só pensava no frenesi que havia sentido em seu último encontro com Bianca.
Apesar de nunca mencionarem que tinham qualquer compromisso, Júlio gostava de alimentar a ideia de que em seus encontros com ela tinha a conotação de serem amantes insaciáveis.
Depois de passar por um relacionamento de mais de uma década e ser traído por sua esposa, Júlio não queria que a relação que ele tinha com Bianca chegasse ao ponto que chegou o seu relacionamento anterior e que recorressem a outros subterfúgios que machucasse um ao outro. Ele estava disposto a ser visto como o cafajeste da relação a ter que perder o que sentia quando tinha Bianca em seus braços.
Júlio sabia que ela queria algo mais duradouro; via no olhar dela quase que uma súplica para tê-lo só para ela e ele queria que aquilo se concretizasse, ainda mais com a química que existia entre os dois.
Ele sabia que Bianca não era um contatinho qualquer, mas ele se esquivava de oficializar aquela relação por medo de ser traído novamente.
Limitando-se a aparecer esporadicamente na vida dela, ele também queria mais, queria estar com ela todos os dias e viver intensamente aquela paixão, mas, o medo o agredia psicologicamente só de pensar que pudesse ser golpeado pela vida novamente.
Mas, o último encontro que ele teve com ela o fez repensar no quanto ele não podia sustentar aquela relação esporádica, pois ele sentiu que ao lado dela podia ir além.
As imagens dos seus corpos sendo encaixados um no outro o fez querer mais que encontros casuais. Era quase que palpável o paladar que ele sentia ao lembrar do gosto dela em sua boca; o perfume exalado por ela quando chegava ao êxtase e a cumplicidade no olhar quando a penetrava. A conexão que existia entre os dois era para além do que ele pensou em
ter com uma pessoa. Nunca sentira algo tão intenso por alguém como sentia por Bianca.
Envolvido na mais pura paixão de um adolescente, parou numa floricultura e comprou o maior buquê de rosas vermelhas para presenteá-la e ao chegar na porta do apartamento dela, sentiu pânico. Suas mãos tremiam e a transpiração tomou conta dele.
Instintivamente, recuou.
Teve certeza que não estava preparado ainda para dar um passo tão gigante e ao dar partida no carro, encontrou uma garota de programa numa esquina qualquer. Parou o carro e desceu. Entregou o buquê de flores àquela garota e disse que queria que ela soubesse que era especial para alguém e ao tentar ir embora ela falou que nunca se sentiu especial por ninguém e se ofereceu para uma noite. As imagens de Bianca brotaram em sua mente, mas ele não estava preparado para ela ainda e aceitou o convite daquela estranha e se entregou mecanicamente para ela, deixando o medo dominar mais uma vez a sua vida.
Autora:
Patricia Lopes dos Santos
