Ele chegou e entrou na vida dela como um furacão, arrastando todos os destroços que estavam ao seu redor e a fez ter sentimentos nunca antes sentidos; acalmando a fúria que habitava nela, a estruturou novamente e a fez ir às alturas, mas da mesma forma que ela foi, caiu num penhasco com o silêncio dele.
Um, dois, três, quatro dias, uma semana e nada. Notícias? Nenhuma! Um olá, um “tudo bem como você?”, nem pensar.
O que era para ser encantador, tornou-se indiferente com a ausência dele.
O olhar voltado para uma rede social qualquer, deixava-a inquieta e em busca de respostas. Mas, que resposta ela queria? Ela queria que ele permanecesse na vida dela como nas noites tórridas que eles viveram, mas o que recebeu foi o mais completo vazio, o vácuo, a indiferença, o “depois eu falo com ela; ela esperará”.
Mas, o tempo, ah, o tempo, ele muda a cada instante e, quando quer, é cruel.
Em um dado momento ela sentiu a necessidade indubitável de estar nos braços dele, mas, ao perceber que era mais uma na fila do pão, resolveu entender a sua insignificância e recuou.
Ela não queria muito, mas queria tudo com ele. Ela não queria ser uma válvula de escape, uma foda mágica ou algo assim, ela queria que tudo o que vivera ao lado dele fosse real.
As palavras ditas enquanto estava embriagada, foram a radiografia de sua alma, mas ela não podia ficar esperando ele olhar para ela da mesma forma. Talvez isso nunca acontecesse e ela não estava disposta a pagar o preço de ficar à espera de um milagre.
Ao constatar que aquela relação não tinha futuro, ela entrou novamente para a caverna. Desejou não entrar mais, mas, lá ela tinha alguém que a cercava de atenção e amor. Tudo o que ela desejava receber do outro que não teve.
Não se culpou por isso. Não! Ela se culpou sim por ter se entregado em tão pouco tempo a uma pessoa que não sabia o que queria de fato.
Não esperava juras de amor, mas enquanto se embriagavam da paixão e luxúria, chegaram a projetar um futuro que era um verdadeiro oásis, mas ela não suportou a ideia de ser vista como mais uma que ficava à espera de quando ele poderia ter tempo para dar atenção à ela. Ela urgia por amar e ser amada, apaixonar-se a cada amanhecer e desmaiar de prazer a cada alvorecer, mas isso não aconteceu e ela lamentou-se profundamente por isso.
Sua fonte inesgotável de paixão esmaecia a cada dia de silêncio que passava, e ela adormeceu no silêncio dado a ela e deixou de desabrochar. Quando viu suas pétalas caindo, uma a uma, seca e sem vida, prometeu a si mesma que jamais ia se entregar tanto como se entregou àquele que parecia ser sua grande paixão.
Lamentou-se profundamente por aquela decisão, mas foi prudente ao deixar de lado uma paixão fortuita que mexeu com suas entranhas e se voltou para o porto seguro que acreditava ter.
Por alguns instantes sentiu vergonha por ter dispensado tanta energia àquela paixão e se deu conta do quanto foi precipitada em dizer tudo o que foi dito num curto espaço de tempo, pois ela mais parecia uma criança se lambuzando com doce, mas quando se deu conta, percebeu que aquele doce era puro veneno.
Autora:
PATRICIA LOPES DOS SANTOS