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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Eleição e Posse na CVM

Na CVM – Confraria dos Velhinhos Mafiosos, ano par é ano de eleição e sinônimo de confusão. Em 2022, por causa dos sócios com Alzheimer, Confusão Mental ou teimosia, todos esqueceram que era ano eleitoral e o maestro Élvio Lino acabou ficando no cargo. Não lembrou que tinha de passar a faixa.

Mas neste ano o maestro inventou de morrer e foi preciso convocar eleição. Os amigos disseram que, por causa da deficiência auditiva e das pilhas descarregadas do aparelho de surdez, ele não escutou o “chamado” e seguiu vivendo, até dar uma falecida e encerrar a temporada terrena precocemente, aos 96 anos.

Dois grupos rivais lançaram candidatos, além da terceira via, do tal Centrinho, pessoas que não se lembram qual grupo apoiam, mas são o fiel da balança. Fiel, mas sem tendência detectável. Antes do pleito não sabem em quem votar e depois não lembram em quem votaram.

Ninguém sabe ao certo quando a Confraria foi fundada e o projeto para recuperar sua memória e honrar membros ilustres ficou no esquecimento. Tudo bem, pois ninguém se lembra de cobrar.

Apurado o resultado, o barbeiro Eudes Penteado venceu por apenas um voto. A Confraria tem quase cem membros, mas a maioria esqueceu da eleição. O doceiro Oscar A. Mello pegou no sono no banheiro e quando saiu votou no Eudes, por não se lembrar que ele era candidato. Eudes esqueceu da eleição e nem apareceu. Vários velhinhos votaram por correspondência, mas esqueceram o endereço da Confraria ou de postar os votos. Daí o resultado de 7 a 6.

Eudes Penteado saiu da festa de posse de mãos dadas com a esposa de Oscar A. Mello, e vice-versa. O equívoco foi desfeito quando seus genros foram buscá-los, notaram a troca e evitaram o escândalo. Evitaram em termos, pois acabaram se apaixonando, abandonaram as esposas e foram viver juntos. 

Eudes fez muitas promessas na campanha: Bolsa Colostomia, Reforma do Fraldário e Ladeira da Memória, com as fotos dos ex-presidentes. Alguém lembrou que a Bolsa Colostomia já existe e que ele mesmo é usuário. Já a reforma do Fraldário, é prioridade. Criado pensando nos netos, os principais usuários são os sócios e a mesa não suporta mais de 30 quilos. A reforma da Ladeira exigirá lembrar onde ela fica, se é que existe, e quem são os ex-presidentes.

Muito reservado, Eudes governa por ordens secretas, mesmo prometendo total transparência. Só que ninguém cumpre suas determinações, pois as atas das reuniões também são secretas e não se sabe o que foi decidido. Ele celebrou um convênio com o SUS para distribuir remédios aos membros. Os encarregados são um deficiente visual, um surdo-mudo e um etíope que não fala português. Por conta disso, o pessoal toma remédios que não precisam e deixam de tomar os necessários. Mas todos aprovam o serviço.

Eudes afastou-se da presidência para tratar de uma lesão no tornozelo durante um jogo de Damas. Ao retornar, viu que muita coisa fora modificada pelo vice presidente e entrou em depressão profunda. Dias após, seu corpo foi encontrado sobre a mesa de sinuca, com um laço de forca no pescoço. A Perícia encontrou o corpo estático, porém roncando. Para tentar se enforcar, Eudes passou a corda pela viga do telhado e segurou a outra ponta. Não suportou o próprio peso, caiu sobre a mesa de sinuca e adormeceu.

Para evitar problemas semelhantes no futuro, a Diretoria determinou a demolição do telhado. Porém, para frequentar a Confraria, só em fins de tarde sem chuva. Pela manhã tem muito sol e à noite, sereno.

Para quem acha este relato absurdo, espere até atingir a sétima década de vida e frequentar uma Confraria de Idosos Perigosos semelhante à CVM. Tem muitas por aí.

Peço desculpas por eventuais equívocos nesta matéria. Sou associado recente e, por conta da formação em Jornalismo, ou Mecânica, não me recordo, fui encarregado de escrever sobre a eleição para o Jornal Mural da Confraria, que teve de ser ampliado para 3 metros de largura para comportar o aumento no tamanho das letras. 

Esqueci a data da eleição e recorri à memória dos eleitores, que não andam lá muito bem da memória e enviei a matéria ao responsável. Tão logo seu neto abra o e-mail e imprima o texto, ele será afixado. O Allan Bike não entende bulhufas de informática. Se você não conseguir acessar este texto, peça ajuda ao seu neto. Por hoje é só. Vida que segue.

Laerte Temple
Laerte Temple
Administrador, advogado, mestre, doutor, professor universitário. Autor de Humor na Quarentena (Kindle) e Todos a Bordo (Kindle). Crônicas de humor toda sexta-feira, às 10h.

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