Quais os Principais Motivos Pelos Quais Muitas Contratações Fracassam?
Já é sabido que as empresas que se destacam no mercado são aquelas que contratam as pessoas certas, embora as abordagens para a seleção de pessoal utilizada não seja a mais adequada. E, um dos principais motivos para isso é que, quando os gerentes falam em contratar as pessoas certas, geralmente pensam em pessoas altamente qualificadas.
Para muitos executivos, a busca pelo talento é uma guerra pela contratação das pessoas mais tecnicamente competentes. Porém, para alguns especialistas essa não é a “guerra” certa a ser travada, pois a maior parte das contratações não fracassa devido à falta de competência.
Pesquisa realizada pela Leadership IQ ([1]) acompanhou vinte mil contratações pelo período de três anos e constatou que, nos primeiros 18 meses, 46% delas não tiveram êxito; ou seja, foram demitidas ou receberam fracas avaliações de desempenho. E o pior que possa aparecer é que, isso não surpreende, pois é bem consistente com outros estudos já realizados. Porém, o que surpreende é o motivo pelo qual elas fracassam:
- Coachability (26%): Trata-se da habilidade de aceitar e colocar em prática o feedback de chefes, colegas, clientes e outras pessoas.
- Inteligência Emocional (23%): Trata-se da habilidade de compreender e lidar com as próprias emoções e avaliar com precisão as emoções dos outros.
- Motivação (17%): Trata-se do esforço suficiente para atingir seu pleno potencial e se destacar no trabalho.
- Temperamento (15%): Trata-se da atitude e personalidade adequadas a uma função específica e ao ambiente de trabalho.
- Competência Técnica (11%): Trata-se das habilidades funcionais e técnicas necessárias para a realização do trabalho.
OBSERVAÇÃO: Percebe-se facilmente que a falta de habilidades ou competência técnica contabiliza apenas 11% dos fracassos das novas contratações.
“Nosso estudo mostrou que 89% das más contratações foram por motivos de atitude e, em algumas situações, essas novas contratações simplesmente não eram treináveis, não tinham inteligência emocional, motivação suficiente, ou ainda não haviam entrado em sintonia com a organização. No entanto, independentemente dos motivos, ter uma atitude errada foi o que definiu a pessoa errada, na maior parte dos casos” ([2]).
Os gestores podem comprovar essa afirmativa, criando uma pequena lista das características que definem os empregados de baixo desempenho, os quais fizeram com que eles tenham se arrependido de tê-los contratado. Eles devem anotar as primeiras quatro ou cinco coisas que vieram à sua mente ao analisar o que fez esse pessoal ter um baixo desempenho. É bem possível que essa lista contenha as seguintes características:
- Criam situações dramáticas para chamar a atenção
- Sentem-se com muitos direitos
- São resistentes a mudanças
- Não tomam iniciativa
- Culpam os outros
- São negativas
- Procrastinam
Embora as características dos funcionários com baixo desempenho variem um pouco, um fator permanece constante: – a baixa capacidade técnica dos funcionários contratados não é lembrada, pois a característica predominante que define os erros de contratação está relacionada à atitude. O mesmo teste pode ser feito com os colaboradores de alto desempenho.
Os gestores provavelmente descobrirão que o caso desse pessoal está relacionado às atitudes e não às habilidades. Aqui não se está afirmando que as habilidades não sejam importantes, pois elas são. Mas, o maior desafio na contratação não é determinar a capacidade de um candidato, mas sim, se a pessoa tem a atitude adequada para uma determinada empresa.
Na verdade, descobrir se alguém tem as habilidades certas – ou um QI elevado – é muito mais fácil, pois quase todas as profissões têm algum tipo de teste para avaliar habilidades. Então, se uma pessoa quiser ser um enfermeiro, um farmacêutico, físico nuclear, mecânico de automóveis ou o que quer que seja, sempre haverá uma prova para avaliar se o candidato tem a competência técnica para isso. Dessa forma, não existe qualquer desculpa para contratar pessoas que não tenham as competências para o trabalho, o que, sem dúvida, explica o fato de que apenas 11% das novas contratações não dão certo devido à competência. Portanto, quando algum gerente estiver obcecado em contratar pessoas que podem “fazer o trabalho”, que tenham as “habilidades certas” e “talento” suficiente ele deverá ser alertado que, o principal indicador de que uma nova contratação será um sucesso ou um fracasso, é a atitude.
([1]) Empresa de treinamento de liderança e pesquisa de engajamento de funcionários, classificada como uma das 10 melhores do mundo, impulsionada por pesquisas
([2]) MURPHY, Mark. O Fator Atitude: Uma Nova Abordagem Para Descobrir Profissionais de Alto Desempenho. São Paulo, Ed. Figurati, 2014, p. 14