Andressa Mundim, Diretora de Marketing da Medsystems
Você reparou quantos produtos de beleza as pessoas chegaram a ter nos últimos anos? Os consumidores inundaram suas casas com os mais diversos produtos e buscaram procedimentos faciais para se aproximarem dos padrões estéticos vigentes. Na mesma época em que o mercado foi invadido por um enorme volume de profissionais que passaram a realizar procedimentos estéticos, seja pela liberação dos seus conselhos de classe, seja por outras questões. Muita gente entrou “de gaiato” nessa, sem o preparo ou conhecimento adequados, aumentando os riscos do mau uso de equipamentos ou mesmo a utilização de produtos e equipamentos falsificados e de baixa qualidade. Até porque, em todo mercado pujante, surgem rapidamente os falsificadores e marcas de padrão questionável.
Como resultado desse cenário, um dos destaques de 2023 foi o fato das pessoas começarem a ficar aterrorizadas com os excessos e buscarem ainda mais a beleza natural.
A autoestima continua em voga, o que é muito legal, pois trata diretamente de saúde mental, alegria e sensação de pertencimento. Para algumas pessoas, fazer um botox é quase como ir fazer as unhas.
Acredito que esse movimento vai guiar as tendências do setor de beleza e dermatologia em 2024: a busca pela beleza natural, com maior seletividade. Quando falo em seletividade, digo em relação à escolha do profissional, das tecnologias e dos produtos. Até bem pouco tempo atrás, o consumidor não conhecia as marcas de equipamentos, enquanto hoje, não são raros os casos em que eles buscam os profissionais com base na tecnologia aplicada. Por conta da internet e mídias sociais, as pessoas conhecem as marcas, tratamentos e indicações.
Falando sobre mídias sociais, acredito que o “profissional do Instagram”, aquele que se divulga pelas redes sem necessariamente uma formação adequada, não vai mais se manter somente com o perfil, como consequência à essa conscientização e busca seletiva. Ao mesmo tempo, continuaremos vendo as pessoas e marcas utilizando cada vez menos filtros e tratamentos nas imagens, sejam publicitárias ou pessoais nas mídias sociais – é a naturalidade colocada em prática.
Em 2023, o público começou a buscar mais o skin care, não com rotinas longas, mas com inovações que tratam a barreira cutânea, nutrem a pele de dentro para fora e favorecem sua regeneração. Essas tendências devem continuar em 2024 de maneira mais acentuada com o entendimento do corpo de dentro para fora, o que significa que a saúde do intestino, as horas de sono, a boa alimentação e outros fatores interferem na saúde e qualidade da pele.
Em produtos skin care, vejo outras duas tendências, uma de marcas premium e outras de ingredientes. As marcas AAA devem continuar lançando produtos skin care que são comprados por públicos menos abastados como um símbolo de conquista e status. Em relação a ingredientes, alguns devem despontar, em especial o filtrado de secreção de caracol (SSF) ou, simplesmente, mucina de caracol, que tem se mostrado excelente regenerador celular da pele, quando utilizado com segurança.
Continuamos quebrando paradigmas em relação aos procedimentos estéticos, observando mais homens buscarem tratamentos capilares e para a barba, pessoas mais velhas indo pela primeira vez a clínicas especializadas e jovens começando cada vez mais cedo. O mercado e as opções se ampliam.
Vimos em 23 e deve se manter em 24 o fim da maquiagem excessiva, sendo substituída por algo mais natural e que, preferencialmente, trata a pele. Em 23 a moda era dar destaque aos olhos, sem carregar no restante do rosto.
O desejo de uma pele de porcelana vai diminuindo gradativamente e isso abre espaço para a inclusão. Não a inclusão clichê, mas a possibilidade de a pessoa tratar somente a acne, ou uma cicatriz ou as olheiras, sem precisar fazer toda uma mudança em si. Novamente, é o minimalismo e a beleza natural em destaque.
As tecnologias continuarão crescendo no setor. As técnicas não invasivas que têm conquistado espaços das invasivas, permanecerão avançando, enquanto a Inteligência Artificial se mostra uma forte aliada dos consumidores e dos profissionais. A realidade aumentada, com experimentação virtual e equipamentos de estética com inteligência de dados para atingir parâmetros de pele mais expressivos, já são verdades comuns.
Como o Brasil segue as tendências mundiais, especialmente as lançadas na Coreia do Sul, os home devices, como aqueles para pequenas depilações e liftings, devem crescer por aqui, apesar do custo mais alto.
Resumindo, 2024 deve ser um ano de consolidação do movimento de beleza natural e do minimalismo, ou do “menos é mais”. Menos produtos e tratamentos, porém com maior qualidade e assertividade. Mais pessoas buscando acesso a tratamentos, rompendo barreiras de preconceitos e receios. Uma valorização dos bons profissionais, dos bons equipamentos e das boas marcas. Por isso, digo que a regra do setor de beleza será: use com moderação.
Autora:
Nathalie