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quinta-feira, 20 de junho de 2024

Através do azul:

Somos o que somos pelo que fazemos, ou o que fazemos nos torna o que somos? No fundo há muito mais do que podemos ver. Esse é o pensamento que tenho vendo o quadro de uma amiga e grande artista Eduarda Wildner. As diferentes tonalidades de azul se tocam em formas de ondas, e no meio a tinta branca, que ao mesmo tempo que espaça algumas ondas, parece ser a ponte e a extensão entre elas.

Diversas perspectivas para um quadro, o mesmo quadro e várias mensagens, a vida, a verdade e o caminho. Três elementos, em vários tons diferentes, e analisando tudo isso, de repente tudo ao meu redor deixa de existir, eu me vejo afundando nessas águas, memórias que são abstratas tocando naquilo que é concreto, e assim surge o insight perfeito.

Eu me vejo há um ano atrás, para ser exato, no dia 27 de setembro de 2022. Fui ao lugar que após um ano iria respirar aliviado que entrei, estava indo conhecer a grandiosa Unisinos junto com um amigo, para um pesquisador, uma faculdade é como um parque de diversões, e quando entramos naquela fortaleza, vislumbramos um lugar que abriga os maiores tesouros do conhecimento.

Foi uma tarde que excedeu todas as expectativas, ainda mais pelo deslocamento, uma hora e meia de viagem (um ônibus, um trem e uma van, e olha que não moramos tão longe). Sentíamos que tínhamos visto e vivido o ápice, e assim como em um jogo de azar, jackpot, tiramos a sorte grande!

Passamos por vestibulares, Enem, e o final do ensino médio, mas um gosto amargo fica, como se toda aquela experiência não fosse o suficiente, e em um piscar de olhos, eu encontro a resposta em formato de pergunta, desde quando perdemos nossa perspectiva? Pessoas se tornando quadros de natureza-morta, estáticos e inanimados.

Do que adianta tantas sementes em nossas mãos quando não há onde cultivar? Do que adianta ser chamado de pesquisador se eu não tenho feito nada pela próxima geração, viver de aventuras? E aí chegamos ao ápice do existencialismo, pesquisador é só uma palavra, e nada além disso… Será mesmo?

Seis meses se passaram dessa reflexão, e após um culto, eu encontrei alguém que viera a ser meu amigo e meu irmão, meu grandioso amigo Kim, e trabalhando na feira do livro surge uma lição que ele me passou, se eu não ser a diferença, quem será? e através dessa pergunta eu pude mudar a minha perspectiva, diversas crianças, jovens e até mesmo adultos buscando mais, em busca do novo, da diferença e assim como a propriamente dita Unisinos, desafiando o amanhã.

Saindo da feira do livro, eu sou convidado para avaliar uma feira científica, uma experiência que particularmente nunca tinha dito, seria um dia após a minha visita a mostratec, reencontrei amigos que há muito tempo não via, e após avaliação e os reencontros, eu lembrei… Eu sou o que sou não pelo que faço, mas o que faço me torna o que eu sou.

Se não houver um solo pronto, então eu mesmo irei prepará-lo, irei plantar a semente, e dia após dia regar. E assim proporcionar o que vivi naquele dia 27 de setembro, lutando contra os males que forçam nossa realidade, e assim como no quadro da Eduarda, um dia eu já fui uma onda, mas hoje serei esse espaço branco, sendo uma ponte para o oceano.

Autor:

-Daniel Maier, 2023

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