19.7 C
São Paulo
sábado, 20 de dezembro de 2025

Tecnologias convergentes devem redefinir cibersegurança e operações globais em 2026, aponta a Check Point Software

A Check Point Software acaba de divulgar um panorama global que projeta 2026 como um ano marcado pela convergência inédita de três frentes tecnológicas: inteligência artificial (IA) autônoma, computação quântica e Web 4.0 (nova geração da Internet baseada em ambientes imersivos e computação espacial). Os especialistas apontam também que essa convergência consequentemente aumentará a pressão sobre governança, segurança e continuidade operacional de governos e empresas.  

As previsões para 2026 apresentadas a seguir são baseadas nas análises de pesquisadores, estrategistas e líderes regionais da Check Point Software. Segundo os especialistas, o avanço simultâneo dessas tecnologias cria um ambiente de inovação acelerada, mas também amplia riscos sistêmicos. A IA deixa de ser uma ferramenta de suporte e passa a assumir papéis estratégicos e operacionais; a pesquisa quântica desafia modelos criptográficos vigentes; e as infraestruturas imersivas transformam a interação com dados e sistemas. 

Panorama 2026: o ano da convergência 

  1. IA autônoma entra na fase de adoção operacional: A Check Point Software avalia que 2026 marcará a consolidação da chamada IA Agêntica, agentes e sistemas capazes de decidir e agir com autonomia em tarefas críticas, da produção industrial até operações financeiras. A expansão, porém, abre brechas de governança. Os especialistas alertam que as decisões tomadas por agentes autônomos exigirão mecanismos robustos de auditoria, controle e observabilidade (monitoramento rigoroso e contínuo de sistemas). 
  1. Fundamentos da Web 4.0: Imersivos, integrados e inteligentes. Embora a Web 4.0 em sua totalidade ainda esteja em desenvolvimento, 2026 lançará suas bases. Essa web de próxima geração combina computação espacial, gêmeos digitais e IA no nível do sistema operacional. Cidades inteiras, fábricas e campus corporativos funcionarão por meio de modelos virtuais em tempo real, permitindo que engenheiros simulem manutenções, testem patches de segurança ou visualizem cenários de risco antes mesmo de intervir no ambiente físico. Interfaces de realidade estendida, aumentada e virtual substituirão os painéis de controle, permitindo que os funcionários naveguem pelos dados em vez de apenas lê-los.  

Essa convergência promete ganhos expressivos em eficiência e segurança, mas introduz desafios complexos de interoperabilidade. Sistemas e padrões distintos precisam se comunicar perfeitamente; caso contrário, a visibilidade se torna fragmentada e vulnerável a exploração. 

  1. IA assume protagonismo na segurança cibernética: A IA está mudando progressivamente os fundamentos da segurança cibernética. O que antes servia principalmente como uma ferramenta para eficiência operacional agora influencia a forma como atacantes e defensores planejam, se adaptam e executam suas ações. Em 2026, a expectativa é que operações de segurança dependam de modelos capazes de aprender continuamente e responder em tempo real, reduzindo lacunas de expertise e tempo de resposta a incidentes. 

Os atacantes já estão usando IA para gerar campanhas mais rápidas, abrangentes e personalizadas, e isso pressionará cada vez mais as organizações a desenvolverem capacidades defensivas que acompanhem esse ritmo – com aprendizado contínuo, contexto em tempo real e suporte operacional mais autônomo. As organizações devem priorizar soluções que não apenas protejam a IA, mas também a integrem em toda a sua plataforma, sob uma estratégia de IA clara e unificada. Isso garante adaptabilidade a longo prazo e as posiciona para se beneficiarem plenamente dos avanços futuros em tecnologias de IA. 

  1. A confiança é o novo perímetro (deepfakes e fraude conversacional), pois a IA generativa tornou tênue a linha entre o genuíno e o fabricado. Uma voz clonada pode autorizar uma transferência; um vídeo criado por IA em tempo real pode solicitar acesso privilegiado; e uma interação persuasiva por chat, com conhecimento dos processos corporativos. O comprometimento de e-mails corporativos evoluirá para fraudes baseadas em confiança, conduzidas com deepfakes, linguagem adaptativa e gatilhos emocionais. Por isso, os especialistas orientam às organizações que a segurança de identidade deve migrar da verificação de credenciais para a validação comportamental, consistência de dispositivos, geolocalização e padrões de interação.  
  1. Modelos de IA tornam-se alvo central com injeção de prompts (ataques que inserem instruções maliciosas em modelos) e envenenamento e manipulação de dados de treinamento. Com a adoção massiva de modelos generativos, os próprios sistemas de IA se tornam superfícies de ataque. Os especialistas preveem uma explosão de campanhas de injeção de prompts e envenenamento de dados, capazes de manipular decisões de agentes autônomos ou corromper dados de treinamento que alimentam plataformas corporativas. 
  1. Ciclo de adoção da IA passa da euforia à responsabilidade: Após dois anos de forte corrida para incorporar IA, 2026 deve marcar a fase de maturidade, com organizações descobrindo sistemas sem governança, APIs expostas (interfaces abertas inadvertidamente) e pontos cegos de conformidade, além de riscos de “Shadow AI” (uso de IA fora do controle da TI corporativa).  

A tendência é que estruturas de auditoria e governança de algoritmos tornem-se obrigatórias, passando a integrar compliance corporativo. As equipes de liderança devem estabelecer políticas claras para o uso da IA ​​e alinhá-las com as estruturas legais, éticas e de risco. A implementação responsável dependerá da explicabilidade e da validação contínua, e não da automação descontrolada. A conformidade irá expandir-se da privacidade para a responsabilidade algorítmica. 

  1. Regulamentação e responsabilidade se expandem e a resiliência cibernética se torna uma licença para operar. Órgãos reguladores em todo o mundo estão reduzindo a lacuna entre inovação e responsabilidade. Em 2026, a regulação deixará de ser reativa. Estruturas como a Diretiva NIS2 da União Europeia, a Lei de Inteligência Artificial e as regras de divulgação de incidentes da SEC dos Estados Unidos convergirão para um princípio único: a segurança cibernética deve ser mensurável e demonstrável em tempo real. No Brasil, o Projeto de Lei 2338/2023, aprovado pelo Senado em dezembro de 2024, como marco regulatório da IA, tramita na Câmara dos Deputados, onde está em análise em comissão especial, com debates públicos em curso.  

A Check Point Software destaca que, em 2026, o modelo de “compliance anual” perde espaço para verificações automatizadas, métricas em tempo real e políticas legíveis por máquina (machine-readable rules). 

  1. A computação quântica ainda pode estar a anos de distância de quebrar a criptografia atual, mas a ameaça já alterou o comportamento das empresas. Governos, provedores de nuvem e grandes corporações estão acelerando a agenda para garantir agilidade criptográfica, mas não como uma “virada de chave”, e sim por meio de pilotos, além de pressão direta sobre fornecedores para apresentarem cronogramas claros de migração. A transição será gradual, dependente de maturidade tecnológica e alinhamento da cadeia. 

Propriedade intelectual, segredos de Estado e registros de saúde podem ser comprometidos retroativamente assim que os sistemas quânticos atingirem maturidade. Em 2026, a preparação deixa de ser apenas teoria e passa à execução. A prontidão para a computação quântica começa a se consolidar como um requisito emergente de conformidade e continuidade, especialmente em setores altamente regulados ou com forte exposição a riscos de longo prazo. Esse nível de exigência, contudo, varia conforme o arcabouço regulatório, a região e a criticidade dos dados de cada organização. Adiar testes, planejamento e migração pode deixar anos de informações confidenciais vulneráveis quando a computação quântica escalar. 

  1. O ransomware evolui para operações de pressão e vazamento. A tendência é que grupos de ransomware priorizem extorsões por vazamento estratégico de dados, pressionando vítimas por meio de impacto regulatório, reputacional e midiático. A prevenção à exfiltração assume posição central nos planos de resposta. 
  1. Risco de cadeia de suprimentos se agrava com hiperconectividade, e os especialistas preveem que o risco de terceiros e de quartas partes aumentará substancialmente, diante do uso intensivo de APIs, bibliotecas de software e integrações SaaS (software como serviço). A empresa projeta que sistemas de avaliação contínua de fornecedores substituam questionários anuais. 
  1. Acesso inicial migra para ataques de identidade e exploração de edge devices (dispositivos de borda, como roteadores e câmeras). A companhia destaca que dispositivos de borda como roteadores, câmeras e dispositivos IoT, seguem como principais portas de entrada para ataques sofisticados. Paralelamente, a indústria deve assistir à expansão de ataques de identidade gerados por IA, que replicam padrões comportamentais e vocais de usuários legítimos. 
  1. Injeção de prompt deve se consolidar como vetor dominante. Com IA embarcada em navegadores e agentes corporativos, o conteúdo consumido por esses sistemas se torna caminho para exploração. A expectativa é que ataques via instruções ocultas em documentos, anúncios e páginas cresçam rapidamente, exigindo validação contínua dos fluxos de informação que alimentam modelos. 

Convergência tecnológica exige nova filosofia de prevenção 

Os especialistas da Check Point Software afirmam que 2026 exigirá postura de segurança baseada em prevenção, governança e visibilidade integral, sustentada por quatro princípios: prevenção em primeiro lugar, segurança orientada por IA, proteção de infraestrutura de rede interconectada (network fabric) e adoção de plataformas abertas.  

Para isso, eles criaram um checklist executivo que inclui:  

  • Estabelecer um Conselho de Governança de IA para supervisionar sistemas de IA com agentes. 
  • Lançar um projeto-piloto de Gêmeo Digital em uma área de negócios crítica. 
  • Iniciar um Projeto de Inventário de Criptografia Pós-Quântica (PQC Inventory Project) alinhado a padrões regulatórios (como do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, o NIST, dos Estados Unidos). 
  • Investir em segurança baseada em IA para prever e prevenir ameaças. 
  • Adotar a garantia contínua de fornecedores com pontuação de risco automatizada. 
  • Treinar equipes para uma colaboração eficaz entre humanos e máquinas. 

Diante desse cenário de convergência entre IA autônoma, Web 4.0 e computação quântica, o alerta da Check Point Software não poderia ser mais claro: 2026 não será um ano de ajustes pontuais, mas de uma redefinição estrutural da segurança digital. As organizações terão de ser capazes de orquestrar tecnologias emergentes, e não apenas adotá-las, em um movimento que será determinante para a resiliência digital das empresas. 

Os especialistas concluem ressaltando que, à medida que essas tecnologias avançam, novos desafios também emergem, especialmente no campo da segurança. A questão não é apenas como proteger os sistemas, mas como lidar com o uso potencialmente malicioso da IA. Se houver equilíbrio entre inovação e responsabilidade, a IA pode transformar positivamente diversos setores, mas isso exige uma abordagem cuidadosa e proativa na criação e no uso dessas tecnologias. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio