Segundo levantamento do Sebrae com base na PNAD Contínua, o número de jovens empreendedores saltou de 3,9 milhões em 2012 para 4,9 milhões em 2024
A participação dos jovens no empreendedorismo brasileiro atingiu um dos patamares mais altos da última década. Segundo levantamento do Sebrae baseado na PNAD Contínua, o número de empreendedores entre 18 e 29 anos passou de 3,9 milhões em 2012 para 4,9 milhões em 2024. O avanço revela um movimento consistente de mudança no comportamento das novas gerações diante de um mercado de trabalho mais instável e competitivo.
Além do aumento no número de jovens que comandam o próprio negócio, a renda média desse grupo também melhorou. Em 2024, o rendimento real chegou a R$ 2.567 mensais, o maior já registrado na série histórica. Embora ainda abaixo da média geral dos empreendedores, que é de R$ 3.477, a diferença vem diminuindo de maneira constante desde 2021, indicando mais amadurecimento e profissionalização.
Um novo perfil de empreendedor jovem começa a se consolidar
A pesquisa mostra que o perfil do jovem empreendedor brasileiro mudou substancialmente na última década. O nível de escolaridade cresceu: quase metade dos jovens que empreendem, cerca de 47,5%, possui Ensino Médio completo, e uma fatia crescente já alcançou ou está cursando o ensino superior. A formalização também acompanha essa evolução, com mais CNPJs emitidos por jovens que antes atuavam na informalidade.
Esse conjunto de fatores sinaliza que o empreendedorismo jovem deixa de ser uma alternativa apenas emergencial e passa a representar um projeto de carreira. Há planejamento, busca por capacitação e maior expectativa de continuidade no negócio.
Digitalização facilita a entrada de novos negócios
A expansão de ferramentas digitais desempenha papel decisivo nesse crescimento. A possibilidade de abrir conta digital, controlar recebimentos, emitir notas e administrar despesas diretamente pelo celular reduziu barreiras que antes dificultavam o início de uma atividade empreendedora. Esse ambiente mais simples e acessível favorece especialmente pequenos negócios em serviços, comércio online e atividades criativas.
Plataformas de pagamento, aplicativos de gestão e serviços financeiros de baixo custo ampliam a capacidade do jovem empreendedor de se organizar e se formalizar rapidamente. Como consequência, aumenta também a sobrevivência dos empreendimentos nos primeiros anos, etapa considerada crítica por especialistas.
Empreender deixou de ser apenas uma necessidade
Embora muitos jovens recorram ao empreendedorismo por falta de oportunidades formais, cresce o número daqueles que empreendem por escolha. A busca por autonomia, flexibilidade e controle do próprio tempo impulsiona esse movimento. A transformação digital e a maior familiaridade com tecnologias também contribuem para a percepção de que é possível construir um negócio viável com baixo investimento inicial.
Esse processo é influenciado por fatores macroeconômicos, como instabilidade no emprego, mudanças no consumo e novos modelos de trabalho. Mas também reflete uma mudança cultural, na qual empreender passa a ser entendido como caminho legítimo de desenvolvimento profissional e geração de renda sustentável.
Obstáculos ainda desafiam o avanço dos pequenos negócios
Apesar dos progressos, os jovens empreendedores enfrentam desafios que dificultam a consolidação das atividades. Acesso restrito a crédito, dificuldade de manter fluxo de caixa, falta de orientação técnica e incertezas econômicas impactam diretamente o desempenho de pequenos negócios. Mesmo com o aumento da formalização, a trajetória ainda exige planejamento, capacitação e suporte institucional.
Organizações de apoio, programas de capacitação e políticas de incentivo desempenham papel essencial nesse cenário. O uso crescente de plataformas digitais ajuda a reduzir parte das dificuldades, mas não substitui a necessidade de formação financeira e gestão estruturada.
Impacto socioeconômico e perspectivas para os próximos anos
O avanço do empreendedorismo jovem tem impacto relevante na economia brasileira. A presença de quase 5 milhões de jovens tocando seus próprios negócios indica um movimento de transformação que atravessa diferentes regiões e perfis socioeconômicos. A maior adesão a plataformas digitais, a formalização crescente e o foco em autonomia sugerem que esses empreendimentos já não são apenas alternativas temporárias, mas caminhos de vida.
Esse fenômeno reforça o papel do empreendedorismo como instrumento de inclusão social, geração de renda e mobilidade. Quando há suporte adequado e acesso a capacitação, jovens empreendedores conseguem transformar ideias em negócios sustentáveis, contribuindo para dinamizar economias locais e ampliar oportunidades.
No conjunto, os dados do Sebrae mostram que o empreendedorismo jovem no Brasil se tornou mais estruturado e menos circunstancial. O avanço da digitalização, a profissionalização dos negócios e a busca por independência financeira consolidam esse movimento. A tendência aponta para um cenário em que empreender é, cada vez mais, uma escolha estratégica de carreira e uma forma de construir futuro com mais autonomia.
