
O planeta está fervendo em desigualdades. Guerras por território, poder ou crenças religiosas, por mais inacreditável que pareça, ainda acontecem. Neste século, que deveria ser marcado por maravilhosos avanços tecnológicos, a ciência brilha como nunca. Entretanto, parece ironia, mas os investimentos em armamentos bélicos só aumentam. Vivemos também uma corrida espacial, em busca de vida nos confins do universo, enquanto centenas de bilhões de dólares se desfazem na poeira do cosmos.
Os governantes, juntamente com os poderosos do mundo atual, parecem alheios ao que se passa em nossa casa, no nosso planeta, aqui na Terra — nosso lar comum. Milhões de pessoas passam fome. A maioria sequer possui um pedaço de terra para erguer um barraco e se proteger das intempéries climáticas. Chuvas torrenciais e secas sucedem-se sem aviso prévio. Multiplicam-se os desastres naturais dentro da nossa própria casa.
Aí, eu me pergunto: há clima para comemorar o Natal? Para mim, não. Para mim, o espírito natalino só se manifesta quando há caridade, solidariedade e ajuda ao próximo. Como a maior parte da população está “tirando água de pedra”, vivendo com um salário-mínimo, sendo obrigada a pagar aluguel, sustentar filhos e simplesmente sobreviver, não sobra nada no fim do mês. Sim, sobreviver — apenas isso.
Trabalho, suor, dormir e comer: uma rotina que se repete durante toda uma vida. Não dá para fazer mais do que isso. Então, como colocar o peru natalino na mesa? Como oferecer o básico para alimentar a família? É uma tarefa quase impossível para a maioria dos chefes e chefas de família.
Nós, cidadãos que, na cabeça dos poderosos, somos chamados de “povão”, vivemos uma máxima do Império Romano, se não me engano: “Dê-lhes pão e circo e tudo ficará bem”. É isso que recebemos dos governos atuais. Não sei dizer quantos países vivem sob essa condição, mas, pelo menos no meu, tenho certeza, pois é o que vejo todos os dias.
Precisamos, urgentemente, votar com consciência, para que, num futuro próximo, possamos mudar a mentalidade dos nossos governantes. Chega de poucos com muito e muitos com pouco. Porque, do jeito que está, não dá mais para viver. A violência se instalou junto com a pobreza. Não dá nem para sair com um carro novo, muito menos com um simples celular.
Enfim, quando os governos e os poderosos pensarem em nós, população, e nos oferecerem condições mais condizentes com a dignidade humana — tanto morais quanto financeiras —, para uma vida mais sustentável, teremos razão para acreditar no verdadeiro espírito natalino e comemorar o Natal, mesmo que seja bebendo Coca-Cola.
