Como a imersão e o design sensorial estão redefinindo o luxo e a personalização no setor
O mercado imobiliário de alta renda vive um ponto de virada. A decisão de compra deixou de se apoiar em metragem e acabamentos para migrar ao território da emoção. O comprador busca pertencimento, conexão e experiências capazes de antecipar o que sentirá ao viver naquele espaço.
Com o avanço tecnológico, as visitas imersivas e a visualização interativa permitem caminhar por cada cômodo antes mesmo do início da obra, testar materiais, perceber a luz natural e visualizar a vista real. No Brasil, a Tecnisa já confirmou a venda de uma cobertura de R$ 32 milhões após uma visita 100% virtual, um marco que mostra a maturidade dessa experiência no país.
O luxo também muda de eixo. O comprador de alta renda está menos interessado na ostentação e mais atento à qualidade da vivência. Segundo o Knight Frank Wealth Report 2025, o capital privado mantém apetite por imóveis prime, e o segmento de residências “branded” cresce apoiado em bem-estar e senso de comunidade. O Financial Times aponta que esses empreendimentos chegam a cobrar até um terço a mais do que ativos comparáveis, impulsionados por experiências que combinam arquitetura, esporte e longevidade.
“Essa imersão permite sentir o lugar antes que ele exista. Quando o comprador caminha pelo apartamento, muda o piso, percebe o ângulo do sol e enxerga a vista real, ele toma uma decisão emocionalmente informada. A tecnologia apenas desperta algo que já estava lá: o desejo de se ver morando ali”, afirma Daniel Bergoce, CTO e artista 3D da Meta Original.
A personalização deixa de ser promessa e se torna interação. É possível alternar entre dia e noite, testar acabamentos em tempo real e, em alguns projetos, adquirir mobiliário e decoração a partir do próprio ambiente virtual. Esse nível de detalhamento reduz retrabalho, acelera o ciclo de vendas e substitui a maquete física. De acordo com estudo da PwC, produtos imobiliários com alto valor de experiência e bem-estar tendem a se diferenciar cada vez mais no mercado.
Para Bergoce, a imersão não é ferramenta de marketing, mas parte da essência do novo luxo. “Quando o cliente sente o espaço, a objeção racional diminui. Não vendemos metros quadrados, vendemos a sensação de acordar com determinada luz, de receber amigos naquela cozinha, de olhar a cidade a partir de uma janela específica. É a experiência de morar o que guia a decisão”.
O que muda para o setor
Projetos mais precisos: Ambientes navegáveis antes da obra permitem testar tipologias, incidência solar e acabamentos, evitando mudanças de alto custo e garantindo aderência à demanda real.
Jornada de compra interativa: A escolha de materiais e layouts sai do PDF e ganha vida em tempo real. O cliente experimenta, salva preferências e participa do processo de criação.
Vendas mais fluidas: As visitas virtuais ampliam o alcance, reduzem deslocamentos e aceleram negociações. Pesquisas indicam que a imersão aumenta a intenção de compra, especialmente quando há narrativa visual consistente.
Luxo com propósito: A nova narrativa do alto padrão valoriza autenticidade, bem-estar e estilo de vida. A tecnologia transforma essa proposta em uma vivência concreta.
“Permitir que o futuro morador caminhe por cada ambiente, visualize texturas, luzes e volumes em 3D, dentro e fora do imóvel, muda completamente a percepção da compra. A experiência é imersiva, emocional e quase real. O cliente sabe exatamente o que está adquirindo”, conclui Bergoce.
Sobre
Daniel Bergoce é empreendedor e especialista em modelagem 3D aplicada ao mercado imobiliário. Com mais de uma década de experiência, desenvolveu uma plataforma imersiva que permite visitar e decorar imóveis ainda em construção. Ex-atleta e autodidata em tecnologia, lidera uma equipe brasileira responsável por soluções digitais utilizadas por incorporadoras internacionais.

