Na rotina escolar, o coordenador pedagógico exerce uma função que vai muito além da simples organização do trabalho docente. Ele é, antes de tudo, um mediador, um articulador de saberes e um parceiro na caminhada formativa dos professores. Entre as diversas estratégias que fortalecem essa atuação, a observação em sala de aula se destaca como uma das mais ricas e transformadoras. Longe de ser um ato de fiscalização, observar é, acima de tudo, um gesto de escuta, cuidado e formação.
A presença do coordenador pedagógico na sala de aula permite uma compreensão mais ampla do cotidiano escolar. Ao observar o professor em ação e o estudante em processo de aprendizagem, o coordenador mergulha na realidade viva da escola — aquela que não aparece nos planejamentos, mas se revela nas interações, nos gestos e nas dinâmicas de cada turma. A observação se torna, assim, uma ponte entre o que se planeja e o que realmente acontece no espaço de ensino.
Quando feita com sensibilidade e propósito formativo, a observação transforma o olhar do coordenador e também o do professor. Ela possibilita perceber detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos: a maneira como o aluno reage a uma explicação, o tempo dedicado às atividades, o uso dos recursos didáticos, as interações entre colegas e a gestão do tempo e do espaço na sala. Cada detalhe observado se converte em um ponto de reflexão que contribui para aprimorar o processo pedagógico.
Mais do que olhar, o coordenador precisa interpretar e dialogar. O momento posterior à observação — o chamado “pós-observação” — é tão importante quanto o ato de observar. É nessa conversa que o coordenador compartilha percepções, oferece devolutivas construtivas e, principalmente, ouve o professor. Essa troca deve ser pautada pelo respeito e pela confiança, sem julgamentos, pois o objetivo não é apontar falhas, mas construir caminhos de crescimento. Quando o docente se sente ouvido e valorizado, ele se abre à reflexão e passa a enxergar sua prática sob novas perspectivas.
A observação de aulas também permite ao coordenador identificar necessidades formativas coletivas, além de apoiar o desenvolvimento individual de cada professor. Ao perceber padrões, desafios recorrentes ou práticas exitosas, o coordenador pode planejar encontros pedagógicos mais significativos, promover momentos de estudo e incentivar a troca de experiências entre os docentes. Desse modo, a observação deixa de ser uma ação isolada e se transforma em um projeto de formação contínua, integrando-se ao trabalho pedagógico da escola.
É importante destacar que essa prática exige preparo técnico e postura ética. O coordenador deve adotar uma atitude empática, saber ouvir, observar sem interferir e manter sigilo sobre o que presencia, respeitando a individualidade de cada professor. A observação, quando conduzida com cuidado, fortalece vínculos, promove a autoconfiança e desperta no docente o desejo de aprimorar sua atuação, sempre com foco na aprendizagem dos alunos.
Ao contrário de uma postura fiscalizadora, a observação formativa revela-se um exercício de escuta ativa e construção conjunta. Ela possibilita que o coordenador e o professor caminhem lado a lado, refletindo sobre os desafios da sala de aula e buscando soluções criativas e contextualizadas. A escola que valoriza esse processo avança na construção de uma cultura colaborativa, onde o erro é entendido como oportunidade de aprendizado e o diálogo é a principal ferramenta de transformação.
A figura do coordenador pedagógico, nesse cenário, assume um papel cada vez mais humano e formador. Ele se torna o elo entre o ideal pedagógico e a realidade concreta, ajudando a ressignificar práticas, promover reflexões e fortalecer a identidade docente. Sua atuação baseada na observação e no acompanhamento contínuo faz com que o desenvolvimento profissional dos professores ocorra de forma natural e significativa.
Em tempos em que a educação enfrenta tantos desafios, o coordenador pedagógico surge como um farol dentro da escola — alguém que ilumina caminhos, orienta percursos e inspira transformações. Observar, nesse contexto, é mais do que ver: é compreender, acolher e agir para que cada professor se torne melhor a cada dia, e para que cada aluno encontre na escola um espaço de aprendizagem verdadeira e significativa.
Assim, a observação em sala de aula não deve ser entendida como um simples registro de comportamentos, mas como um ato pedagógico de escuta e reflexão. Quando realizada com sensibilidade, planejamento e respeito, ela se converte em uma das mais poderosas ferramentas de formação docente. O coordenador, ao olhar com atenção para o que acontece na sala, ajuda a construir uma escola que aprende, reflete e se reinventa continuamente — uma escola viva, humana e transformadora.

