Com atuação nos estados de São Paulo e Acre, o especialista Sidney Sanches Zamora Filho alerta para os impactos imediatos das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, especialmente no setor de carnes. Segundo ele, a situação exige uma resposta técnica e comercial, livre de disputas políticas.
Zamora destaca que, diante do encarecimento dos produtos brasileiros no mercado norte-americano, há um excedente de carne que precisa ser redirecionado para outros países — que nem sempre pagam o mesmo valor. “Quem vai comprar sabe que o Brasil tem carne disponível e negocia o preço para baixo”, afirma. Após o anúncio das tarifas, o mercado reagiu com queda na liquidez e retração no preço da arroba, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O especialista aponta que o momento exige equilíbrio entre frigoríficos e produtores rurais. Enquanto a indústria busca proteger suas margens diante da instabilidade externa, o produtor precisa garantir um preço mínimo para cobrir custos elevados. “O frigorífico tem mais poder de barganha, e o produtor precisa negociar firme para não sair no prejuízo”, alerta.
Zamora considera positivo o esforço do governo federal em dialogar com o setor produtivo. “O presidente Lula está certo em buscar essa interlocução. O governo tem papel estratégico nessas horas: abrir mercados, negociar barreiras comerciais e proteger quem produz e gera emprego no país”, afirma.
Agilidade e segurança jurídica são essenciais
Para o especialista, o Brasil precisa agir com rapidez para diversificar seus mercados e reduzir a dependência de poucos compradores. “A demanda principal do agro hoje é garantir que tenhamos para quem vender e segurança para produzir”, diz. Ele reconhece a atuação do Ministério da Agricultura e do Itamaraty, mas reforça que o cenário exige agilidade. “Cada dia de incerteza pesa na conta do produtor, que não pode parar a produção enquanto espera decisão política.”
Zamora também comentou sobre o encontro entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando-o como parte da dinâmica política nacional. No entanto, ele defende que as negociações com os EUA devem ser conduzidas de forma técnica e comercial. “O foco tem que ser proteger o produtor, a indústria e o comércio brasileiro, independentemente de partido ou eleição.”
Por fim, Zamora reforça a importância do agronegócio para o Brasil. O setor representa mais de 23% do PIB nacional e gera emprego e renda para cerca de 26% da população, direta e indiretamente. “O agro coloca comida na mesa, gera divisas e sustenta milhões de famílias. O que o campo precisa é estabilidade para continuar produzindo e gerando riqueza para o país”, conclui.

