Caro leitor, se eu não estiver mais por aqui, por favor, me defenda. Sinceramente, não quero alguém dizendo: “Descanse em paz”, ou “ele agora está em boas mãos, nas mãos de Deus com certeza”, “Ele era um bom homem”. Tudo balela… Nunca fui um santo, nunca fui um bom homem, e muito menos era um sujeito que queria descansar em paz. Sempre gostei da vida, gostei muito do agito, e por isso vivenciei cada momento da minha curta jornada aqui. Paixões mil, até casei e tive dois lindos filhos.
Agora, nesse momento final — por que não dizer, fatal — aparece um punhado de amigos, falsos ou não, querendo a redenção. Tipo: “Esses são os melhores amigos dele”. Outra balela… Em vida, posso contar nos dedos quem realmente foram meus amigos.
Morto, não posso revidar, por isso deixo essa mensagem: Não queria morrer. Vou discutir isso quando estiver face a face com Deus, isto é, se ele permitir.
Amo tudo que essa terra me deu: praias, luar, estrelas, paixões. Sob seus mantos, extasiei-me com amores que se foram, mas deixaram em meu coração registros de felicidades indescritíveis. Por isso, levanto uma bandeira – não a da morte, mas sim a da vida!
Sei que o Senhor é implacável, meu Deus; quando chega a hora, o Senhor nos chama, e não tem jeito de esconder-se, simplesmente comparecemos ao chamado de corpo e alma. Então, só me resta pedir: para quem for ao meu enterro, chore bastante, porque, se forem meus amigos de verdade, saberão que fui para o outro lado totalmente contra a minha vontade…
Amém.

