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quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Dica de Série: “Coração de Ferro” – A Marvel Descobre a Temperatura do Futuro

“Coração de Ferro” foi a aposta quente da Marvel Studios para 2025, exibida exclusivamente no Disney+, e marca não apenas o encerramento oficial da Fase Cinco do MCU, mas uma reformulação inesperada do conceito de legado super-heroico. O corte do diretor chega à plataforma com seis episódios bem produzidos, cada um com cerca de uma hora, e finalmente faz justiça à personagem de Riri Williams – prodígio do MIT, gênio em engenharia e legítima sucessora de Tony Stark, sem precisar da sombra grandiosa do Homem de Ferro pairando sobre sua cabeça.

A minissérie transita entre a Chicago pulsante e os laboratórios do MIT, com Dominique Thorne dando corpo e alma à jovem Riri. Ela retorna para casa logo após “Wakanda Para Sempre”, enfrentando tragédias pessoais e uma batalha que coloca ciência e magia em conflito, graças ao vilão Capuz, interpretado por Anthony Ramos, que manipula magia negra e desafia diretamente a lógica dos circuitos e placas. A narrativa, nas mãos de Chinaka Hodge e dos diretores Sam Bailey e Angela Barnes, desvia do formato engessado típico do MCU e aposta em conflitos éticos, afetivos e tecnológicos. A discussão entre o velho e o novo – literalizada na relação entre tecnologia versus magia – traz para a mesa o verdadeiro dilema geracional da Marvel: como inovar sob o peso de um legado tão icônico sem cair na tentação do mero pastiche?

Visualmente, “Coração de Ferro” é vibrante e colorida, sem recorrer ao excesso de CGI padrão que esvaziou outras produções recentes do estúdio. A direção de arte valoriza os limites entre o urbano concreto e o fantástico digital, tornando a armadura de Riri um símbolo palpável de resistência social – com direito a IA inspirada em sua melhor amiga falecida, uma solução narrativa que emociona sem apelar ao sentimentalismo barato. Espíritos do passado, tensões familiares e aspirações adolescentes lutam por espaço em cada plano, e o corte do diretor intensifica esses embates internos.

A grande reflexão que “Coração de Ferro” deixa é sobre as novas formas de heroísmo e pertencimento: se Tony Stark era egocêntrico e visionário, Riri Williams representa um heroísmo plugado na comunidade, nos afetos e no trauma – prova de que, sim, a Marvel ainda pode contar boas histórias de origem que brilham em seus próprios méritos. Em tempos de saturação de conteúdo e franquias gastas, a série é um convite para olhar de novo para o futuro, mas sem perder o calor e a aspereza dos corações que sustentam a armadura.

Nota: 8/10

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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