Psicoterapeuta alerta que o esgotamento físico e emocional virou epidemia silenciosa no ambiente corporativo
No próximo dia 10 de outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental traz à tona um tema urgente para o ambiente de trabalho: a síndrome de Burnout. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um fenômeno ocupacional, a condição se caracteriza por esgotamento físico, emocional e mental — resultado de uma rotina de sobrecarga constante.
“Burnout é como se a gente tivesse correndo uma maratona sem parar, sem dar tempo de respirar. No mundo corporativo, isso ficou mais comum porque o trabalho atravessou a vida pessoal: celular, e-mails fora de hora, pressão por resultados rápidos. O corpo e a mente acabam gritando quando não encontram pausa”, explica Daniele Caetano, psicoterapeuta e fundadora da Caminhos da Terapia e da Mentoria Bem Me Quero.
O papel das empresas
Segundo Daniele, a responsabilidade de prevenir o Burnout não é exclusiva do colaborador. “A empresa não pode carregar sozinha essa missão, mas também não pode se isentar. Ela tem papel fundamental em criar um ambiente saudável, equilibrar demandas, oferecer suporte e não incentivar uma cultura de excesso. Se o time adoece, o impacto aparece nos resultados, no clima e até na retenção de talentos. É como cuidar de um jardim: se não há atenção diária, as flores murcham”, afirma.
Sinais de alerta
Entre os principais sinais que líderes devem observar nos times, a psicoterapeuta destaca:
- Queda de motivação ou interesse em tarefas antes prazerosas.
- Fadiga constante e dificuldade de concentração.
- Alterações no humor, como irritabilidade, isolamento ou apatia.
- Aumento de faltas ou presença física sem envolvimento real.
“Esses sinais são como uma luz vermelha no painel do carro: se ignorados, o problema só piora”, reforça Daniele.
Caminhos para empresas e líderes
A especialista sugere medidas práticas para transformar saúde mental em prioridade organizacional:
- Jornadas equilibradas, com respeito a pausas e férias.
- Programas de bem-estar e acesso a apoio psicológico.
- Formação de lideranças humanizadas, que saibam apoiar e não apenas cobrar.
- Diálogo aberto sobre saúde mental, reduzindo o tabu.
Para ela, produtividade e bem-estar podem andar juntos: “A chave é entender que produtividade está ligada à qualidade, não à quantidade de horas. Equipes saudáveis entregam melhor. Quem sabe dosar o ritmo chega mais longe do que quem dispara sem fôlego.”
Mensagem para o Dia Mundial da Saúde Mental
No 10 de outubro, Daniele deixa um recado tanto para líderes quanto para colaboradores:
- Para colaboradores: “Respeitem seus limites, saibam pedir ajuda e não sintam culpa por descansar. Saúde mental não é luxo, é necessidade.”
- Para líderes: “Inspirem pelo exemplo, valorizem resultados sem estimular sobrecarga e criem espaços de diálogo. Lembrar que cada pessoa carrega uma história e precisa de equilíbrio faz toda a diferença.”
E conclui:
“100% dos clientes são pessoas, 100% dos colaboradores são pessoas. Quem não entende de pessoas, não entende de negócios.”
Autora:
Gabriela Andrade
