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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Crônica sobre a morte

Em minha vida, sempre procurei fugir da máxima inevitável: todos um dia morreremos. Talvez não pensar na morte tenha sido o segredo para trilhar a jornada da minha vida por sete décadas, vencendo os obstáculos e transformando as tristezas em alegrias. Para ser sincero, até este momento, ainda resisto à ideia de que vou morrer um dia. Reconheço minha ingenuidade, sim, talvez até uma esperança pueril. Mas pensar em me desligar deste paraíso — repleto de emoções, ternura, solidariedade e caridade — é profundamente desalentador.

Como imaginar a existência sem o barulho do mar, sem a orquestra dos pássaros, o som das cachoeiras, o roçar do vento nas folhas das árvores? Como aceitar que não verei mais o nascer e o pôr do sol, ou que a lua, em suas fases, não será mais reverenciada pelas estrelas aos meus olhos? O choro de uma criança, as emoções profundas de uma paixão, o céu que chora em forma de chuva… Como esquecer tudo isso?

Não quero morrer! Quero viver o máximo de tempo possível, intensamente. Deus — seja ele à moda cristã, budista, muçulmana ou espírita — peço apenas que me permita experimentar todas as emoções desse paraíso terrestre por mais tempo. Que eu possa ser uma semente, sadia e humana, em sua plenitude. Desejo continuar a criar, sonhar e construir coisas que sirvam à minha felicidade e, sobretudo, ao bem dos meus semelhantes, servindo toda a humanidade.

Deus, não me julgue um filho egoísta. Creia, acato seus mandamentos, todos… menos morrer. Prefiro ser chamado de adulto infantilizado a ter de aceitar a morte como destino “final”. Amém.

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