Momentos de instabilidade podem ser transformados em estratégias de expansão e diferenciação no mercado
Recessões econômicas costumam ser lembradas como períodos de retração, instabilidade e incerteza. Mas, para algumas empresas, elas podem se transformar em janelas de oportunidade. Em meio à turbulência, companhias bem preparadas conseguem não apenas sobreviver, mas também conquistar mercado, lançar novos produtos e até expandir por meio de fusões e aquisições.
Segundo o economista e analista de mercado da Orsitec, João Victor da Silva, o que diferencia empresas que prosperam daquelas que desaparecem é a forma como elas entram no cenário desafiador. “Quem chega a um período de retração com preparo financeiro, estrutura de custos ajustada e mentalidade estratégica tem condições de jogar no ataque, enquanto a maioria fica na defensiva”, afirma.
Crescimento na adversidade
Empresas capitalizadas conseguem adotar estratégias mais agressivas em momentos de retração. Isso inclui desde a captura de market share, com a saída de concorrentes enfraquecidos, até campanhas ousadas de aquisição de clientes, em períodos em que rivais reduzem investimentos em marketing.
Para João Victor, esse reposicionamento pode ser decisivo: “A recessão econômica força o mercado a se reorganizar. As empresas que se destacam nesse processo são aquelas que enxergam o período de retração como uma chance de se diferenciar e agregar valor, em vez de apenas cortar custos para sobreviver”, ressalta.
Fusões, aquisições e inovação
Outro ponto estratégico é a avaliação de fusões e aquisições. Durante períodos de retração, o valor de mercado de muitas empresas cai, abrindo espaço para negócios mais vantajosos. “Para quem tem caixa, esse é um momento de ouro para crescer de forma inorgânica, incorporando concorrentes ou parceiros fragilizados e ampliando a base de clientes, tecnologia e capilaridade”, destaca o economista.
Além disso, momentos de instabilidade também podem impulsionar inovação. Em cenários de menor atividade, sobra tempo para ajustes internos, testes de novos produtos e desenvolvimento de serviços. Embora o retorno não seja imediato, esses diferenciais tendem a acelerar a retomada futura.
O equilíbrio que garante sobrevivência e crescimento
Um estudo conduzido após o período de retração de 2008 mostrou que as empresas que mais prosperaram foram aquelas capazes de equilibrar medidas defensivas — como ajustes de custos — com investimentos voltados para o crescimento. Para João Victor, essa lição segue atual: “Não se trata de escolher entre ser conservador ou ousado. O segredo está em combinar os dois movimentos com inteligência, protegendo o essencial e apostando no que pode gerar valor no futuro”, analisa.
Embora períodos de retração sejam desafiadores, também representam momentos de reorganização do mercado. E é nesse cenário que se definem os próximos líderes de cada setor. “As recessões passam, mas os efeitos das decisões tomadas nelas permanecem. Empresas que encaram a instabilidade com estratégia e foco estarão muito mais fortes quando a recuperação chegar”, conclui João Victor da Silva.
Autora:
Sandra Domit