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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Problemas criados, soluções morosas

Sou do tempo em que o leite via em garrafa na porta de casa, o leiteiro trazia o leite cheio e levava a garrafa vazia. Lembro que minha mãe pedia para eu ir ao armazém e comprava alimentos ensacados em saco de estopa. Isto tudo sem falar que quando bebê a fralda que usava era de pano. O mundo evoluiu e do leite em saquinho que surgiu no Brasil na década de 60 para a embalagem em caixinha da marca Tetra Pak foi algo rápido. Assim como o exemplo do leite, a embalagem dos alimentos e o modo como os consumimos geraram uma série de problemas desde a composição destes a poluição. Relatórios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), apontam que produzimos mais de 430 milhões de toneladas de plástico anualmente no mundo. Fazendo um estrago enorme na fauna e na flora, elevando o risco de câncer colorretal e de pulmão no ser humano. Estudos indicam que existem evidências de que os produtos químicos existentes nos plásticos estão associados à toxicidade, alergias e ao risco de desenvolver câncer.

Em outras áreas, o desenvolvimento humano tem ocasionado uma deterioração do meio ambiente ainda maior. Segundo o brasileiro Miguel Nicolelis,  um dos neurocientistas mais conceituados no mundo, as big techs tem acarretado problemas em série. Em entrevista recente, o cientista disse: “Fica muito claro que ao redor do mundo a classe política não está preparada para o golpe das bigtechs. Eles não entendem. A ponto da gente estar discutindo trazer data centers de inteligência para o Brasil, onde eles estão sendo expulsos de vários lugares, estão tendo protestos em várias cidades americanas, no Texas, no Arizona… Em Memphis, o ar da cidade está sendo poluído pelos produtos tóxicos que o data center gigantesco do Elon Musk solta na atmosfera. Quantidades absurdas de eletricidade e água para resfriar as centenas e milhares de nanochips que estão nesses data centers”. Segundo Nicolelis, no Chile e no Uruguai, os data centers devastaram água, consumo elétrico, sem produzir emprego nenhum ou ganho econômico, com dados que foram parar em servidores fora destes países, com a população querendo expulsar estas estruturas destes países. O cientista disse que cidadãos de uma cidade do Texas são recomendados a tomar menos banho para poder manter em funcionamento os data centers que necessitam de muita água.

Poderia me estender em diversos exemplos, mas fica claro que a evolução humana ao longo do tempo não levou em conta a capacidade do planeta de manter o modo de vida econômico criado pela sociedade. Muitas COPs serão promovidas pela ONU, ações de ONGs e relatório científicos sobre o tema, sem que soluções definitivas surjam para adequar o modo de vida que escolhemos no presente que não está em sintonia com o planeta Terra. Não acho crível que voltemos ao saco de estopa no lugar das embalagens e muito menos que a IA seja trocada por livros e troca de conhecimento de humano para humano. Teremos que criar soluções para problema que criamos. Só espero que não seja tarde.

Autor:

Marcelo do Vale Nunes

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