Selic em 15% e consumo em baixa levam empresas a rever gestão. Especialista lista sete medidas de reestruturação para enfrentar a crise
O Boletim Focus projeta crescimento do PIB abaixo de 2% em 2025, enquanto dados da Serasa Experian mostram alta de 18,9% nos pedidos de falência no primeiro semestre, o maior índice desde 2020. Em meio a crédito restrito e taxa Selic mantida em 15%, empresas brasileiras são pressionadas a se reorganizarem. “Neste cenário, medidas como revisão de contratos, renegociação de dívidas, reorganização societária e enxugamento de custos se tornam indispensáveis para preservar evitar o colapso”, afirma Marcos Pelozato, advogado, contador e especialista em reestruturação empresarial.
A prática, antes vista como último recurso, vem sendo incorporada à rotina de gestão. Levantamento do Sebrae mostra que apenas 6% dos empresários buscaram orientação especializada em 2024, apesar de mais de 7,3 milhões de companhias estarem inadimplentes, acumulando dívidas superiores a R$ 170 bilhões. Para Pelozato, a resistência cultural atrasa soluções e reduz as chances de recuperação, tornando a atuação preventiva essencial.
Ferramentas como mediação com credores, compliance financeiro e revisão tributária ganham espaço na reestruturação, mas menos de 10% dos advogados atuam de forma consistente em recuperação judicial, segundo levantamento da TMA Brasil. “A expectativa para o segundo semestre é de pressão no mercado, com crédito restrito. Por isso, a política deve ser contínua: agir nos primeiros sinais de dificuldade permite reorganizar passivos, preservar empregos e manter cadeias produtivas”, ressalta o especialista.
Na visão de Pelozato, se empresários, contadores e advogados agirem juntos desde os primeiros sinais de dificuldade, é possível reorganizar o passivo e obter um cenário positivo.
Por isso, ele lista quais são as principais medidas de reestruturação empresarial em sete passos:
- Revisão de contratos
Reavaliar compromissos com fornecedores, clientes e parceiros, buscando condições mais favoráveis ou adaptações às novas realidades do mercado.
- Renegociação de dívidas
Negociar prazos, juros e garantias diretamente com credores para reduzir a pressão sobre o fluxo de caixa.
- Enxugamento de custos
Mapear despesas operacionais e administrativas para cortar gastos desnecessários sem comprometer a atividade principal.
- Reorganização societária
Ajustar a estrutura da empresa, redesenhar responsabilidades e, quando necessário, rever a participação de sócios.
- Planejamento tributário
Revisar o regime de tributação e adequar a gestão fiscal, evitando acúmulo de passivos que possam levar à insolvência.
- Compliance financeiro
Implantar rotinas de controle interno e de transparência para fortalecer a governança e aumentar a confiança de credores e investidores.
- Mediação com credores
Promover diálogos estruturados e negociações preventivas para evitar litígios judiciais e preservar relacionamentos estratégicos.
Pelozato avalia que 2026 será um divisor de águas. “Com crédito restrito e consumo desaquecido, o comércio e a indústria seguirão mais expostos à insolvência. Empresas que se estruturarem terão condições de atravessar a instabilidade, enquanto as que mantiverem práticas improvisadas correm risco de não chegar ao fim do ano”, prevê.
Sobre Marcos Pelozato
Marcos Pelozato é advogado, contador e empresário com 14 anos de atuação no setor de reestruturação empresarial e recuperação judicial. Reconhecido como referência no segmento, presta assessoria estratégica a empresas em crise financeira, com foco em reorganização societária, gestão de passivos e recuperação de negócios.
À frente de um escritório especializado, Marcos também atua como mentor para advogados e contadores interessados em ingressar na área de reestruturação, com o objetivo de ampliar o número de profissionais capacitados a atuar diante da crescente demanda por soluções eficazes em gestão de crise.
Para mais informações, acesse: youtube.com/@marcospelozato.oficial, instagram ou pelo LInkedin.
Autora:
Carolina Lara