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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Intensidade sem promessas

Em uma tarde de um sábado de um mês qualquer, Ana se viu no meio da sala dançando sua música preferida – “Innerbloom”. Ela estava radiante! Seus olhos amendoados, reluziam e o motivo era evidente: ela havia reencontrado Castro, sua grande paixão.

O destino tinha cuidado para que aquela linda tarde de uma quase primavera fosse especialmente dedicada àquele reencontro tão inusitado.

Há mais de dois anos sem nenhum contato com ele, Ana havia prometido a si mesma que o esqueceria, apesar de saber que seria muito difícil isso acontecer, considerando a conexão que existia entre os dois.

Ana se perdia por completo quando se tratava de Castro. Só de pensar nele, aquele homem viril, másculo e cheio de marra, era motivo para ela se contorcer de desejo. Seus pensamentos chegavam a beirar a mais pura luxúria e ela divagava nos mais profundos pensamentos que a faziam se sentir uma adolescente no melhor momento de sua vida.

Castro, por sua vez, caprichava em atender aos anseios de Ana. Além de ser tudo o que foi dito antes, ele era um verdadeiro cavalheiro. Abrir a porta do carro e a encontrar com um buquê de rosas vermelhas sempre com um sorriso encantador em seus lindos lábios, eram suas especialidades.

Ele era perfeito! Ah! Como ele era! Mas, claro, tinha um “quê” que fez Ana desistir daquela relação tão intensa há alguns anos.

Castro era extremamente misterioso. Dificilmente era possível conduzir uma conversa com ele, a não ser que fosse um monólogo e Ana se cansou à época de tentar desvendar os segredos dele ou compartilhar seus mais profundos sonhos e objetivos e ter conexão apenas na cama com ele.

Hoje, com uma cuca mais fresca e depois de ter passado por tantos dissabores em relação aos seus casos fortuitos, se permitiu recuar e dar uma nova oportunidade para aquele homem que mexia tanto com ela.

Ao abrir a porta de seu apartamento, se deparou novamente com aquele sorriso marginal e encantador de Castro. Ali mesmo se despiu de suas expectativas e se entregou para aquele homem que era tão desejado por ela.

O hálito quente. A barba áspera contra sua pele. As mãos firmes na cintura. Ana fechou os olhos e implorou em silêncio que o tempo parasse. E parou. O toque de Castro incendiava cada centímetro de seu corpo. O sangue corria veloz, os sentidos em vertigem. A ânsia a dominou. O prazer explodiu como lava ardente, rasgando o silêncio e entregando-a inteira aos braços dele.

Apesar de ter sido o melhor encontro que já tivera com ele, Ana não se delongou ou tentou qualquer tipo de comunicação. O silêncio pairou no ar e, naquele momento, não precisava ser dito absolutamente nada. As palavras não eram necessárias; o diálogo era dispensável; o depois que esperasse.

Ana se permitiu viver o presente, o agora e deu de ombros para o que viesse depois. Para ela, o depois era para depois, não importava, mas, sim, aquela erupção que ela teve no momento mais íntimo com ele.

Ao ver Castro se vestindo, Ana, por milésimos de segundos, sentiu-se vulnerável, mas, logo em seguida, se aprumou. Tudo o que acabara de viver foi um presente que acabara de receber e ela tinha mais era que comemorar aquilo.

Quando Castro fechou a porta atrás de si, Ana abriu uma espumante, jogou-se no sofá e brindou à vida sem esperar nenhuma promessa de amor. Apenas quis viver o que acabara de viver e estava extremamente satisfeita com o rumo que a história estava sendo reescrita: sem cobranças, sem esperar nada em troca, sem juras de amor, mas sentindo que a sua entrega tinha valido a pena, uma vez que tinha sido vivido com muita intensidade e isso, naquele momento, para ela, bastava.

Patricia Lopes dos Santos
Patricia Lopes dos Santos
Escritora, autora do livro "Memórias de uma depressiva", mãe de Sofia, Duda e Átila, esposa de Cristian Ferreira, me aventuro na escrita, onde me encontro totalmente.

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