Anúncio foi feito nesta semana, de acordo com publicação de Ben Cohen, outro cofundador; Jerry Greenfield deixa empresa após 47 anos
Com a saída de Jerry Greenfield, cofundador da Ben & Jerry´s – uma das marcas mais relevantes do mercado global de sorvetes – aspectos voltados a reputação, compliance e contratos se tornam o ponto de debate em empresas de mesmo porte e capital, considerando também os impactos B2C (consumidor final).
Se o acordo original entre Ben & Jerry’s e Unilever garantia autonomia para certas decisões, discursos ou órgãos consultivos, qualquer interferência pode caracterizar descumprimento. “Isso pode gerar obrigações de indenização, multas, ou reverter cláusulas específicas. Se investidores ou acionistas entenderem que a Unilever está agindo de forma a prejudicar intangíveis importantes (marca, reputação), pode haver risco de ações judiciais ou pressão para mudança de gestão”, explica Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Societário.
Vale lembrar que a saída de Jerry tem um contexto mais profundo: conflitos voltados à valores e questões sociais da marca. De acordo com a imprensa americana, a disputa entre a Ben & Jerry´s e a Unilever – proprietária britânica da marca – se intensificaram a partir de 2021, quando a fabricante anunciou o encerramento das vendas de seus produtos em assentamentos israelenses na Cisjordânia.
Para o especialista, a saída de um dos cofundadores que carrega um posicionamento social pode impactar no entendimento do público quanto aos valores da marca. “Romper compromissos explícitos de independência e missão social pode ser visto como falta de integridade ou “greenwashing/social washing”, sendo um prato cheio para a concorrência”, afirma o advogado.
Quanto ao Brasil, existem algumas particularidades relevantes para esse tipo de caso. Entre elas, é a valorização da autenticidade local por parte do consumidor brasileiro. “Marcas locais ou regionais tendem a ter vínculo afetivo forte, e consumidores valorizam produtos feitos no Brasil, com identidade brasileira, ingredientes locais etc. Uma marca externa ou com imagem de “global corporativo” precisa demonstrar compromisso real com valores compartilhados para manter credibilidade”, comenta Canutto.
Além disso, a Ben & Jerry’s enfrenta concorrência feroz de outras marcas locais, como Freddo, Bacio di Latte, Davvero, e outras tantas. “Caso a Ben & Jerry’s deixar de cumprir as expectativas de seus consumidores mais engajados, pode abrir espaço para marcas artesanais ou pequenas que ofereçam “ice creams” ou sorvetes com discurso de sustentabilidade, justiça, proximidade. Essas podem captar fatias de mercado premium ou nichos”, conclui o especialista.
Fonte:
Fernando Canutto – sócio do Godke Advogados. Especialista em Planejamento Estratégico Empresarial, Direito Societário, Governança Corporativa, Compliance e Investimento Estrangeiro.
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Autora:
Natasha Guerrize