O novo desenho “Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha”, lançado em 2025 no Disney Plus, apresenta-se como uma mistura entre nostalgia e inovação cuidadosa, focando na vida cotidiana de Peter Parker e seu papel de herói mais próximo das pessoas. Diferentemente das grandes produções épicas ou do multiverso explorado em outras animações, aqui o roteiro privilegia a intimidade das relações com amigos, a escola e a vizinhança, fazendo do Aranha não só um vigilante, mas um verdadeiro amigo e mediador de conflitos comunitários. Essa abordagem, que coloca Peter sob a tutela de Norman Osborn ao invés de Tony Stark, aprofunda os encontros entre ambos ao mostrar um mentor imperfeito, o que resulta em uma dinâmica interessante e complexa.
Apesar do tratamento dramático mais tímido e previsível, sustentado pelo balanço tradicional entre escola, herói e dilemas pessoais, a série consegue entregar momentos de carisma e profundidade, incluindo interações pertencentes ao MCU e referências a eventos do universo live-action, alinhando o personagem a um público que já conhece suas outras versões. O roteiro valoriza a humanidade de Peter, expõe suas fraquezas e dificuldades em um tom realista e empático, o que é reforçado por arcos secundários bem construídos. No entanto, a animação dedica-se a um estilo que homenageia HQs clássicas, mas que pode parecer meio rígido em expressões aparentes, proporcionando a naturalidade de cenas mais intimistas.
A série peca em alguns aspectos técnicos e ritmo, com episódios em que o drama poderia ser mais consistente, mas se salva pelo cuidado em criar um ambiente vivo e diversificado, onde personagens ao redor de Peter ganham espaço e complexidade, como Lonnie Lincoln e Harry Osborn. Isso imprime uma sensação de verossimilhança ao bairro e ao contexto social onde o herói atua, reforçando seu papel de “amiga da ambiente” que vai além da luta contra o crime, valorizando as pessoas e os conflitos cotidianos.
No campo técnico, a trilha sonora e os efeitos sonoros estão entre os pontos altos, comparáveis às produções cinematográficas, garantindo uma experiência sonora envolvente. Já a direção de arte, apesar de gerar divisões, traz um charme único que remete aos quadrinhos, especialmente nas cenas de ação, conferindo dinamismo e energia visual à transformação do Aranha em herói.
Assim, “Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha” não chega a revolucionar o personagem nem sua mitologia, mas entrega uma narrativa honesta e afetiva que reforça a essência do herói: ser um garoto comum tentando fazer o certo em um ambiente complexo. Para quem aceita as escolhas e algumas limitações da produção, a série é uma ótima opção, especialmente para o público mais jovem e fãs que apreciam essa faceta mais pé no chão do personagem.
Nota final: 7,5/10 — A série cumpre seu papel de ser uma introdução forte para novos fãs e uma homenagem discreta para os antigos, com estilo próprio e foco na humanidade do herói, mesmo enfrentando suas limitações técnicas e narrativas