“Corra que a Polícia Vem Aí” (2025) tenta reacender o espírito da clássica franquia de comédia policial que marcou os anos 80 e 90. A proposta do novo filme é resgatar o humor pastelão, o absurdo das situações e a maneira caricatural de retratar policiais incompetentes envolvidos em tramas cada vez mais disparatadas. É um tipo de humor que vai na contramão da atual tendência para comédias mais sofisticadas ou, pelo menos, mais sutis.
O problema é que esse retorno parece esquecer que boa parte do charme dos originais estava justamente no timing e na combinação entre o personagem carismático de Leslie Nielsen e o estilo de paródia do período. A versão de 2025, mesmo investindo em efeitos modernos e em uma narrativa mais acelerada, muitas vezes escorrega em piadas previsíveis, reciclando fórmulas já desgastadas. O que deveria soar como homenagem ao humor físico e à sátira policial acaba indo mais para uma paródia cansada de si mesma.
Ainda assim, há méritos: algumas cenas assumidamente exageradas funcionam bem, arrancando risadas sinceras do público menos exigente, e a proposta de reintroduzir esse humor “burlesco” a uma nova geração merece destaque. Também não se pode negar a coragem de remar contra a maré de comédias mais “inteligentes” e escrachadamente políticas, apostando em uma besteira despretensiosa.
No entanto, falta ao filme uma identidade própria: ele permanece preso a um saudosismo que nem sempre conversa com a atualidade. É nostalgia divertida, mas que não se sustenta totalmente.
Nota: 6 – engraçado em alguns momentos, mas longe de estar à altura do legado de onde veio.