Pianista e saxofonista lança seu primeiro álbum, “Chorinho no Piano”
Apesar de uma carreira marcada por décadas de atuação na música brasileira, Carlos Watkins lança apenas agora o seu primeiro registro fonográfico. O álbum “Chorinho no Piano” representa não apenas a realização de um desejo antigo do músico, mas também um marco simbólico em sua trajetória como pianista, saxofonista, arranjador, compositor e professor.
Ouça “Chorinho no Piano”: https://onerpm.link/ChorinhoNoPiano
Watkins começou cedo: ganhou seu primeiro piano aos seis anos, presente do avô, e nunca mais parou de tocar. Estudou no Instituto Villa-Lobos e posteriormente na prestigiada Berklee College of Music, em Boston, onde ampliou horizontes entre a música erudita, o jazz e os ritmos latino-americanos. Desde então, construiu uma sólida carreira, integrando formações como a Rio Jazz Orquestra, o Sexteto de Sopros e Cordas do Instituto Villa-Lobos, a Orquestra Ideal de música latina (em Boston), além de grupos de choro como o “Chapéu de Palha” e o “Chorarte”.
Com trânsito entre diferentes linguagens, Watkins atuou em orquestras, trios e quintetos, além de acompanhar nomes consagrados como Zizi Possi e Eduardo Dusek. No palco, destacou-se também com o Grupo Avoante, o Bando dos Homens, a Orquestra Vittor Santos, o Quinteto de Sopro de Petrópolis e o Trio “Melhor de 3”. Hoje, integra o grupo de choro Taruira, mantendo viva sua ligação com um dos gêneros mais emblemáticos da música brasileira.
“Chorinho no Piano” surge como a síntese dessa trajetória. O repertório reúne clássicos de Pixinguinha, Luperce Miranda, Garoto e Tom Jobim, além da ousadia de trazer “Donna Lee”, de Charlie Parker e Miles Davis, para o universo do piano de choro. A abordagem de Watkins valoriza a clareza harmônica e o diálogo direto com o ouvinte, sem abrir mão da sofisticação técnica, em linha com os grandes mestres que moldaram a tradição do gênero.
Mais do que um disco de estreia, este lançamento representa um gesto de maturidade artística. Watkins, que ao longo da vida foi maestro, diretor musical e arranjador, agora se coloca em primeiro plano para assinar um trabalho que honra o passado e reafirma a vitalidade do choro como linguagem contemporânea. Um início tardio no catálogo fonográfico, mas que carrega a densidade de uma vida inteira dedicada à música.
Autor:
Daniel Pandeló Corrêa
