Garantir o fornecimento de energia elétrica em áreas isoladas continua sendo um dos maiores obstáculos para a universalização do acesso. A logística complexa, os custos de transporte e a dificuldade de manutenção tornam o acesso cada vez mais complexo. Nesses cenários, sistemas de geração distribuída combinados a soluções de armazenamento de energia tornam-se estratégicos.
No Brasil, no ano passado, cerca de 1 milhão de pessoas viviam em comunidades sem conexão ao Sistema Interligado Nacional, enquanto mais de 2,7 milhões eram abastecidas por sistemas isolados, que usam combustível caro e poluente, conforme relatório do Instituto de Defesa do Consumidor.
Um destes pontos de atenção está na Amazônia, onde a expansão de redes elétricas enfrenta barreiras ambientais, logísticas e financeiras significativas. Nessas regiões, o suprimento depende majoritariamente de usinas a diesel, cuja logística de combustível exige longas distâncias de transporte, elevando custos e trazendo riscos ambientais.
É nesse cenário que as baterias estacionárias assumem um papel central, pois ao incorporar fontes renováveis, como energia solar, reduz-se a dependência de diesel e assegura-se fornecimento contínuo, com ganhos evidentes em confiabilidade, emissões de carbono e footprint logístico.
Em termos de viabilidade econômica, estudos da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) indicam que o preço médio das baterias de íon-lítio caiu para US$ 115 por kWh em 2024, o menor valor já registrado. Essa tendência de queda não apenas amplia a possibilidade de projetos em locais antes economicamente inviáveis, como também acelera o retorno sobre o investimento em áreas remotas.
A prática já mostra sinais promissores de maturação. Empresas de armazenamento de energia têm se destacado ao desenvolver sistemas adaptados às condições brasileiras. Suas soluções utilizam lítio-ferro-fosfato (LFP), uma combinação reconhecida por maior segurança e durabilidade. Além disso, a modularidade dos seus equipamentos facilita o transporte e a instalação em áreas de difícil acesso. Os sistemas integrados, ou all-in-one, reduzem a necessidade de infraestrutura adicional e simplificam a manutenção, fatores críticos em regiões distantes de centros urbanos. Essas capacidades já estão sendo testadas em comunidades da Amazônia, por exemplo, com fornecimento de energia para escolas, postos de saúde e sistemas de bombeamento de água. Vale menção a uma usina solar recentemente inaugurada no país que utiliza baterias de sódio, sinalizando avanços adicionais na diversificação de armazenamento.
No que diz respeito ao marco regulatório, o avanço depende de clareza para o investidor e de previsibilidade para o operador. A Aneel discute a criação de um marco específico para o setor, em processo de consulta pública iniciado em 2023 (CP 39/2023).
A definição de regras claras para armazenamento integrado, definição de incentivos e modelos de negócio é decisiva para atrair capital privado em escala e, ao mesmo tempo, oferecer tarifas estáveis para comunidades isoladas. O financiamento continua sendo um gargalo relevante. Projetos em áreas remotas exigem subsídios ou mecanismos de apoio público, já que os custos iniciais ainda são elevados. Programas como o “Luz para Todos” precisam o armazenamento como componente essencial, sob pena de limitar a transformação a operações pontuais em vez de uma mudança de regime.
O próximo passo envolve não apenas tecnologia, mas a construção de um ecossistema regulatório e financeiro que torne o armazenamento parte integrante do modelo de universalização e não uma exceção pontual. Nesse sentido, cabe ao setor privado, ao governo e aos reguladores trabalharem com urgência para que soluções de armazenamento deixem de ser um piloto ou uma exceção e se tornem a regra no processo de levar energia limpa a quem vive à margem do sistema elétrico nacional.
A experiência de mercado já mostra o caminho: tecnologia disponível, custos em trajetória de queda e casos piloto de alto impacto, desde comunidades escolares até postos de saúde e sistemas de abastecimento de água.
Se o ecossistema regulatório, financeiro e de implementação caminharem juntos, estaremos diante de uma transformação que redefine o papel da energia distribuída no país, abrindo espaço para que a entrega de eletricidade em áreas remotas seja não apenas mais eficiente, mas também mais humana. Estamos prontos para transformar esse cenário em prática contínua ou ainda permaneceremos à margem do que já está ao nosso alcance?

Sobre a UCB
A UCB é uma das maiores marcas de soluções de armazenamento de energia do Brasil e da América Latina. Presente há 50 anos no mercado, a empresa combina extensa experiência em manufatura de eletrônicos e agilidade operacional. A UCB é fornecedora de baterias estacionárias, baterias portáteis para celulares e laptops e baterias para mobilidade elétrica. A sede administrativa está localizada em São Paulo, possui plantas industriais, localizadas em Manaus – AM e Extrema – MG, um escritório em Porto Velho e parceria comercial com dois escritórios na Ásia (Seul e Shenzhen) e futuramente em Marselha na França. A UCB é uma das empresas signatária do Pacto Global da ONU e está entre as mil maiores empresas, é a Líder nacional no fornecimento de soluções de armazenamento de energia para comunidades remotas.
Para mais informações, acesse: www.ucbpower.com.br
Autor:
Marcelo Rodrigues é vice-presidente de Vendas e Inovações da UCB Power.