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terça-feira, 30 de setembro de 2025

A Sinfonia da Proteção: Parlamentares, Blindagem e o PCC na Faria Lima

Ah, Brasil, esse teatro de sombras onde o enredo é sempre uma tragicomédia de interesses cruzados e coincidências suspeitas. Na última temporada, temos uma operação espetacular contra o PCC que revelou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro na Faria Lima, envolvendo uma bagatela de R$ 52 bilhões — isso mesmo, 52 bilhões sujos circulando no epicentro financeiro do país.

Mas a cereja do bolo? Pouco tempo antes dessa operação estourar, os parlamentares, esses mestres da politicagem sorrateira, decidiram no silêncio da noite forçar a aprovação da famigerada PEC da Blindagem, aquele escudo dourado contra qualquer investigação incômoda, e a PEC do fim do foro privilegiado, que — ironicamente — parece mais uma manobra para atrasar processos e garantir proteção enquanto a poeira assenta.

Coincidência? Ah, não sejamos inocentes. A pressa para cegar suas penas, no exato momento em que a batata dos políticos começa a fritar com a operação, deixa um cheiro forte no ar — cheiro de operação vazada, de informações privilegiadas, de cúmplices desconfortáveis ​​tentando se salvar antes que o barco afunde.

Imaginemos a cena: deputados e senadores, alarmados, reunidos nos corredores escuros do Congresso, tramando como garantir que nenhum passo dado pela Polícia Federal fosse além do permitido. Afinal, é cada vez mais claro que parte desses políticos pode estar de mãos dadas com o esquema do PCC, seja diretamente ou por omissão cúmplice, lucrando enquanto o crime organizado lava dinheiro às suas custas.

A PEC da Blindagem, antes tachada de exagero por alguns, agora ganha contornos de uma capa de invisibilidade legislativa, criada para proteger os já suspeitos, bloqueando investigações e dando ao Congresso o poder de engavetar qualquer denúncia inconveniente. Já a PEC do fim do foro, aos olhos do público, é como uma promessa de justiça igual para todos, mas no tabuleiro político serve como um dispositivo para jogos de atraso e proteção seletiva.

O fato é que, enquanto a PF massacrava o PCC na Faria Lima, os políticos corriam para blindar não só a si mesmos, mas o próprio sistema que permite que bilhões sujos circulem livres nas veias do capitalismo tupiniquim. A operação mostra o iceberg do crime, mas a blindagem legislativa garante que o que está abaixo da superfície — e, aparentemente, dentro do Congresso — seja protegido de qualquer luz incômoda.

Se essa não é uma sinfonia maluca de proteção mútua, é difícil saber o que é. Entre esquemas bilionários de crime organizado e artimanhas legais para enterrar suspeitas, o Brasil mais uma vez mostra que o verdadeiro jogo do poder não está na transparência, mas no silêncio abafado das noites parlamentares em que se promete justiça para todos — exceto para os próprios.

Bem-vindos ao espetáculo em que políticos e criminosos parecem parceiros de palco, cada um garantindo que a batata quente não caia nas mãos erradas enquanto o circo continua rodando.

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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