Por Que a Divisão por Gerações Envelheceu – E o Comportamento É o Novo GPS da Longevidade
Numa palestra de Walter Longo, ouvi algo que carrego até hoje:
“Saímos da Idade Média e entramos na Idade Mídia.”
Essa frase se tornou um farol pra mim — especialmente quando falo sobre diversidade etária, longevidade e o futuro das relações intergeracionais no trabalho e no consumo.
O maior erro que ainda cometemos — no RH, no marketing, na saúde, na educação — é achar que idade cronológica define comportamento.
Continuamos presos a rótulos como Geração Z, Millennials, Geração X, Baby Boomers…
Como se bastasse uma data de nascimento para entender quem alguém é.
Mas pense comigo:
Quando falamos em pessoas com mais de 60 anos, estamos falando de um universo inteiro.
Alguém com 60 não vive a mesma realidade de quem tem 80.
São quatro décadas de diferença, com histórias, rotinas, prioridades e estilos de vida completamente distintos.
E, ainda assim, chamamos todos de “idosos”.
Um erro que se repete na economia prateada, nas campanhas de comunicação e até nas políticas públicas.
A longevidade exige mais do que cronologia.
Exige escuta, contexto e comportamento.
Por isso, defendo um novo paradigma:
sair da bússola geracional e adotar o GPS comportamental.
Porque é o comportamento — e não a certidão de nascimento — que revela o que alguém quer, sente, valoriza e consome.
Vivemos uma era de múltiplas velocidades.
A Geração Z, por exemplo, que ainda é tratada como “criança digital”, já entrou nos 30 anos.
Já lidera, já educa, já consome com consciência — e vai formar a geração que cuidará da nossa velhice.
Na chamada Idade Mídia, é o conteúdo que molda o comportamento.
E quem quiser se comunicar com relevância precisa entender:
não há mais espaço para segmentações rasas, estereótipos ou campanhas genéricas.
Se você atua com pessoas — seja em RH, marketing, saúde, educação ou inovação — entenda de uma vez por todas:
Não estamos lidando com faixas etárias. Estamos lidando com histórias.
Com trajetórias. Com subjetividades.
E quem continuar vendendo bússola em um mundo que já opera com GPS…
Vai se perder. E perder junto a chance de realmente se conectar.
Willians Fiori é neurocientista, psicanalista e especialista em diversidade etária, comportamento geracional e estratégias para a longevidade. Professor no Hospital Israelita Albert Einstein e coautor do livro Diversa-IDADE, atua como palestrante e consultor em empresas que buscam romper estereótipos etários e construir um futuro mais conectado, empático e sustentável para todas as gerações.