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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O Café Esfria, e a Vida Também: Por Que Vivemos Distraídos?

Você já reparou como um café quente, recém-passado, tem um jeito de prometer o mundo? O cheiro sobe em espirais, abraçando o ar, e por um instante tudo parece possível: aquele projeto que você jurou começar, aquela conversa que você vem adiando, aquele momento de silêncio que você tanto precisa. Mas aí o celular pisca. Uma notificação, duas, três. Uma mensagem da sua mãe, um e-mail do trabalho, um meme idiota que você não resiste e responde com um emoji de risada. E quando você percebe, o café está lá, frio, intocado, como uma metáfora gritante das coisas que você deixou passar.

Não é só o café, né? É a vida. A gente vive correndo atrás das urgências que não importam tanto assim. Responde mensagem enquanto o sol se põe do outro lado da janela. Abre o WhatsApp enquanto o filho conta, todo empolgado, que aprendeu a andar de bicicleta sem rodinha. Passa o olho no Instagram enquanto o amor da sua vida tenta te contar um sonho que teve. E a gente acha que está presente, que está vivendo, mas na verdade está só… reagindo. Como se a vida fosse um eterno rascunho, como se sempre desse pra voltar e tomar aquele gole quente depois.

Mas o café esfria. E as oportunidades também. Aquele curso que você queria fazer, mas deixou pra depois porque “tá corrido”. Aquela viagem com os amigos que nunca saiu do grupo do WhatsApp. Aquele “eu te amo” que ficou preso na garganta porque você tava ocupado demais discutindo política no Twitter. A gente acha que o tempo é elástico, que sempre vai ter outra xícara, outro dia, outra chance. Só que às vezes não tem.

Eu olho pra minha xícara agora, o vapor já sumiu, e me pergunto quantas vezes deixei o café da minha vida esfriar. Quantas vezes escolhi o urgente em vez do importante. Quantas vezes troquei um momento de verdade por uma notificação que não mudava nada. E não é que a culpa seja do celular, ou das mensagens, ou do mundo que não para de girar. A culpa é minha. É sua. É de quem esquece que a vida é feita de goles, não de distrações.

Então hoje eu te convido a fazer um trato: da próxima vez que o café chegar quente, que o momento chegar vivo, deixa o celular de lado. Só por um instante. Toma um gole. Sente o calor. Escuta o silêncio. Olha nos olhos de quem tá do outro lado da mesa. Porque o café, meu amigo, ele esfria. E a vida, essa danada, ela não espera a gente terminar de responder.

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