Recentemente, a atriz e cantora Larissa Manoela utilizou suas redes sociais para compartilhar um diagnóstico que a conecta a milhões de mulheres ao redor do mundo: a endometriose, associada à Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Sua revelação trouxe à tona a urgência de debater essas condições de saúde que, apesar de comuns, ainda são frequentemente subdiagnosticadas e cercadas de desinformação. Ambas podem afetar profundamente a qualidade de vida, a fertilidade e o bem-estar físico e emocional da mulher.
Mas afinal, o que é a SOP? E qual a diferença entre cistos nos ovários e a síndrome dos ovários policísticos?
Muitas pessoas confundem o termo “ovário policístico” com a síndrome propriamente dita, mas nem todo ovário com aspecto policístico indica SOP.
Entendendo a SOP
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição caracterizada por um desequilíbrio hormonal, especialmente com aumento dos hormônios androgênicos (masculinos), levando a sintomas como:
- Irregularidades menstruais;
- Ausência ou falha na ovulação;
- Presença de ovários com múltiplos pequenos folículos ao ultrassom.
Estima-se que 15% das mulheres em idade fértil sejam afetadas pela SOP. Porém, apenas cerca de 20% das mulheres que apresentam ovários com aparência policística (visível em exames de imagem) realmente possuem a síndrome.
Ou seja, um ultrassom com ovários de aparência policística não basta para diagnosticar SOP. Trata-se de uma síndrome — um conjunto de sinais e sintomas — e, por isso, o diagnóstico precisa ser individualizado.
Principais sintomas e indicativos da SOP
- Menstruações irregulares ou pouco frequentes: Presente em 85-90% dos casos de SOP. Porém, até 30% das mulheres com SOP menstruam regularmente.
- Hirsutismo (aumento de pelos em regiões como buço, tórax, costas, abdômen): Até 70% dos casos, embora fatores genéticos e étnicos também influenciem.
- Acne severa: Em até 40% das pacientes com SOP.
- Infertilidade por anovulação: Em até 90% dos casos de infertilidade associada à SOP.
Diagnóstico da SOP: Excluir antes de confirmar
A SOP é um diagnóstico de exclusão, ou seja, é preciso descartar outras doenças hormonais (relacionadas à glândula adrenal, hipófise ou tireoide) antes de confirmar o quadro.
Fatores de risco para a SOP
Mulheres com histórico familiar de SOP, obesidade, diabetes (tipo I, II ou gestacional), nascimento com peso muito baixo ou muito alto, puberdade precoce, acantose nigricans (manchas escuras em dobras da pele) ou síndrome metabólica estão mais propensas a desenvolver a condição.
Doenças associadas à SOP
A resistência à insulina acomete até 70% das mulheres com SOP, aumentando o risco de:
- Diabetes tipo II
- Síndrome metabólica (com alterações no colesterol e triglicérides)
- Hipertensão arterial
- Doenças cardiovasculares
- Distúrbios emocionais como depressão, ansiedade e compulsão alimentar
Tratamentos disponíveis
O tratamento da SOP depende dos sintomas e dos objetivos da paciente (como engravidar ou não). Entre as opções estão:
- Pílulas anticoncepcionais: ajudam a controlar os ciclos menstruais e os efeitos do excesso de androgênios (como acne e pelos).
- Metformina: melhora a resistência à insulina e auxilia na prevenção da síndrome metabólica.
- Isotretinoína e tratamentos dermatológicos: para casos de acne severa.
- Antiandrogênicos: para calvície ou hirsutismo.
SOP e Fertilidade: É Possível Engravidar?
Sim, é possível! O primeiro passo é mudança no estilo de vida, com foco em:
- Atividade física regular
- Peso corporal saudável
- Alimentação equilibrada
Se não houver ovulação mesmo após essas mudanças, podem ser utilizados:
- Citrato de clomifeno: indutor da ovulação, com taxa de gestação de até 60% após 6 ciclos.
- Inseminação artificial ou fertilização in vitro (FIV): em casos mais complexos ou com falha aos indutores.
Sobre Dr. Alfonso Massaguer – CRM 97.335
É Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas e atua em Reprodução Humana há 20 anos. Dr. Alfonso é diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida. Foi professor responsável pelo curso de reprodução humana da FMU por 6 anos. Membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM). Também é diretor técnico da Clínica Engravida, autor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina, com passagens em centros na Espanha e Canadá.
Sobre a Clínica Mãe
A Clínica Mãe é uma instituição de referência em reprodução assistida, dedicada a ajudar pessoas a realizarem o sonho de se tornarem pais. Com uma equipe altamente qualificada e utilizando as mais recentes tecnologias e métodos, a Clínica Mãe está comprometida em proporcionar cuidados personalizados e de alta qualidade a cada um de seus pacientes.
Autoria:
Ageimagem