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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

FAM 2025 traz 10 produções com temáticas indígenas

29º edição amplia a representatividade e conta também com curadores e jurados indígenas

Dez filmes da 29ª edição do Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2025 apresentam temáticas indígenas de distintos povos do Brasil, Argentina, Colômbia e República Dominicana. O Festival será realizado de 4 a 10 de setembro no Cine Show Beiramar Shopping, em Florianópolis. 

 Os 10 filmes estão presentes em diversas mostras, competitivas ou convidadas. São eles: Faísca (Curtas), O Sonho de Anu (Petrobras On-line), Aprender a Sonhar (Longas), Travessia (Petrobras On-line), Soñé Su Nombre (Longas), Wadja (Conversas FAM), Hermanas del Viento (Conversas FAM), Rami Rami Kirani (Conversas FAM), Donas da Terra (Conversas FAM) e Cobra Canoa (Conversas FAM). Além disso, no filme Não Dá Pra Esquecer há a participação de um influenciador indígena entre os personagens.

Seis filmes são de diretores indígenas e têm indígenas nas equipes, Abraços (Infantojuvenil), El Gaga de La Cejas (WIP), Faísca (Curtas), e WadjaHermanas del Viento e Rami Rami Kirani, nas Conversas FAM.

Neste ano, a Associação Cultural Panvision buscou ampliar a participação de comunicadores indígenas em seus festivais, realizando uma busca ativa por essa inclusão. Numa parceria com a Rede Katahirine, rede de mulheres indígenas no audiovisual, foram recebidas produções de comunicadoras indígenas de todo o Brasil para a curadoria. Filmes distribuídos pela Rede foram selecionados em ambos os festivais realizados pela Panvision.

No 4º FALA São Chico, realizado em junho de 2025, foram exibidos filmes com temática indígena, houve uma sessão de contrapartida em uma aldeia Guarani de São Francisco do Sul e a comunidade veio assistir às sessões no Cine Teatro X de Novembro. O Festival Audiovisual Latino-Americano de São Francisco do Sul reafirmou seu compromisso também com a importância da representação em tela, nas mediações e curadorias. Além disso, contou com filmes de realizadores indígenas na mostra competitiva e na sessão especial “Comunicadoras Indígenas”, e teve ainda um mediador e jurado Laklãnõ/Xokleng, Jucelino Filho.

No FAM 2025, a presença indígena também é estrutural, com curadores na seleção dos filmes: Barbara Kariri, do povo Kariri do Ceará, Vanessa Fe Ha, Kaingang do Paraná, e Iván Molina, Quechua da Bolívia; e no júri, com Clara Idioriê, que pertence aos povos Xavante, Karajá e Javaé e Ivania Molina Agudo, quechua. Clara é também mediadora convidada pela Rede Katahirine em uma sessão do Conversas FAM de Cinema. “São filmes de realizadores e com temática indígena, compondo mais do que uma inclusão simbólica, e sim um exercício de construção de pertencimento sem diferenciações. Mostramos ao público que essa distinção não faz sentido, pois cineastas indígenas desejam comunicar sobre suas vidas em múltiplas dimensões, não apenas sobre dores e lutas por reconhecimento, mas também sobre estudos e educação, ancestralidade e espiritualidade, maternidade, denúncia de machismo, empoderamento feminino e cultura”, considera Marina Simioli, coordenadora de Curadoria e Programação do FAM. 

Entre as obras, Aprender a Sonhar, de Vítor Rocha/BA e Wadja, de Narriman Kauane/PE, abordam a educação e a luta por pertencimento. No primeiro acompanhamos estudantes indígenas, quilombolas e periféricos em sua jornada de superação e transformação social através do ingresso na universidade e em Wadja a protagonista batalha pelo ensino da língua materna de seu povo.

O dilema do pertencimento sem exclusão cultural também aparece em Travessia, de Karol Felicio/ES, que traz a experiência de uma mulher indígena dando à luz em um hospital, refletindo sobre a perda do parto na aldeia com parteiras. A força da mulher atravessa diversas obras, com destaque para Faísca, de Bárbara Kariri, que reúne quatro gerações de mulheres indígenas em uma narrativa experimental de silêncios, gestos, sonhos e natureza. O filme dialoga com o longa colombiano Soñé Su Nombre, de Ángela Carabalí, que acompanha duas filhas em busca do território indígena onde seu pai desapareceu, guiadas por um sonho.

A luta pela terra e pelo pertencimento é central em Donas da Terra, de Ana Marinho/SE, que traz a memória coletiva das mulheres Xokó sobre o período de resistência por seu território. Em O Sonho de Anu, de Vanessa Kypá/PB, a dimensão onírica retorna, para falar sobre a presença indígena e negra no imaginário brasileiro.

O tema do apagamento cultural é abordado em Cobra Canoa, de Enio Staub, produção de quatro estados, incluindo o Amazonas, que acompanha Doéthiro Álvaro Tukano em sua busca pelas tradições ancestrais, proibidas por missionários salesianos. Já Hermanas del Viento, de  Julia Carrizo, da Argentina, narra a conquista de espaço de uma banda argentina de mulheres em uma cerimônia tradicional antes restrita aos homens. Na mesma linha, Rami Rami Kirani, um filme do Acre, mostra mulheres Huni Kuin preparando o ritual da ayahuasca, prática antes exclusiva dos homens.

Confira a programação completa do FAM 2025 no site www.famdetodos.com.br.

Consulte classificação indicativa e medidas de acessibilidade para as diversas atividades. 

O  29º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2025 é um projeto cultural produzido através da lei de incentivo à cultura. Tem o apoio da  Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, Prefeitura Municipal de Florianópolis, através do EDITAL Nº 038.000/SMCLP/2024 especial Lei Paulo Gustavo e do Prêmio Catarinense de Cinema, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina e Programa Ibermedia. Patrocínio ANCINE –  Agência Nacional do Cinema, Itaú Unibanco e Sebrae. Patrocínio Master Petrobras. Realização Associação Cultural Panvision, Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.

Autoria:

Panvision

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