Advogada esclarece as principais dúvidas das empresas
Com o crescimento do setor de serviços no Brasil, a formalização de acordos contratuais se tornou cada vez mais importante. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o volume de serviços prestados no país cresceu 3,1% em 2024, consolidando o quarto ano consecutivo de alta. Desde 2021, o setor já acumula um avanço de 27,4%, e em junho de 2024 atingiu o maior patamar da série histórica iniciada em 2011. Esses números reforçam a necessidade de que prestadores e contratantes estejam atentos às cláusulas dos contratos, para garantir segurança jurídica e evitar prejuízos futuros.
A advogada Amanda Charif, especialista em Direito Empresarial, destaca que a elaboração adequada de um contrato é uma medida essencial tanto para empresas quanto para profissionais autônomos. “Firmar um contrato bem redigido é uma demonstração de profissionalismo. É um escudo contra mal-entendidos e serve como base legal quando algo sai do combinado”, afirma.
Um contrato de prestação de serviços precisa ser claro e pensado para o dia a dia da relação. Deve conter, no mínimo, a identificação completa das partes envolvidas, com CPF ou CNPJ, endereço e dados de contato. Também é indispensável uma descrição clara do objeto contratado, detalhando o que será entregue, em que prazo, quais etapas estão previstas e quais são os limites da prestação.
Segundo Amanda Charif, é justamente na ausência de clareza que costumam surgir os conflitos. “Contratos genéricos geram interpretações divergentes e alimentam disputas judiciais. É fundamental especificar os serviços com exatidão”, explica.
Outro ponto fundamental envolve os valores, prazos de pagamento, a forma de cobrança e multas em caso de inadimplência. É importante que o contrato preveja os meios de cobrança, os juros por atraso e os critérios para eventuais reajustes. “Sem cláusula de inadimplência clara, o empreendedor fica vulnerável a atrasos sem consequência prática. Isso afeta o fluxo de caixa, o cronograma e compromete a relação comercial”, alerta a advogada.
Toda relação comercial pode terminar e o contrato precisa estar preparado para isso. Por isso, é importante prever as condições de rescisão, definindo prazos, multas, devoluções proporcionais, se o caso, e a necessidade de notificação prévia. Essas regras trazem previsibilidade e evitam rompimentos abruptos que geram prejuízo ou desgaste.
Além disso, quando o serviço envolve acesso a informações estratégicas, dados confidenciais ou desenvolvimento de conteúdo, é fundamental incluir cláusulas de sigilo, propriedade intelectual e responsabilidade civil. Esses pontos resguardam o negócio contra uso indevido de informações ou disputas futuras sobre autoria e direitos de uso.
Por fim, o contrato deve definir onde eventuais disputas serão resolvidas, o chamado foro de eleição. Escolher antecipadamente a comarca responsável por julgar conflitos evita surpresas, deslocamentos desnecessários e traz mais previsibilidade.
Em alguns casos, especialmente quando há interesse em soluções mais rápidas e menos públicas, é possível optar por métodos alternativos, como a mediação, conciliação ou arbitragem. “São caminhos que podem economizar tempo, preservar a imagem do negócio e evitar longas disputas judiciais”, orienta Amanda.
Diante da expansão do setor de serviços e da crescente formalização de relações comerciais, contratos bem estruturados se tornam cada vez mais estratégicos. “Convém tratar os contratos como ferramentas de proteção e não como obstáculos. Eles evitam riscos, fortalecem relações comerciais e protegem tanto quem contrata quanto quem presta o serviço”, conclui Amanda Charif.
Sobre Dra. Amanda:
Advogada empresarial especializada em contratos, estrutura societária e proteção de marcas, com atuação prática e preventiva.
Autora:
Sarah Monteiro