Moda que começou em festas e ganhou as redes agora desafia padrões e opiniões.
O que antes era um acessório exclusivo de bebês agora aparece entre jovens e adultos em festas, nas ruas e, principalmente, nas redes sociais. O uso de chupetas por adultos, prática que parecia improvável, ganhou força no Brasil como uma mistura de moda, estilo e até recurso para lidar com o estresse.
A tendência tem raízes na cena rave dos anos 1990 nos Estados Unidos e no Reino Unido. Naquela época, as chupetas eram usadas como acessórios coloridos, combinando com roupas fluorescentes e pulseiras. Além da estética, havia uma função prática: muitos frequentadores das raves utilizavam a chupeta para aliviar a tensão muscular causada por longas horas de dança.
No Brasil, o ressurgimento da moda está ligado principalmente às redes sociais, em especial ao TikTok e ao Instagram, onde vídeos com a hashtag #chupetaparadultos acumulam milhares de visualizações. Jovens influenciadores passaram a incorporar o objeto em seus looks, apresentando-o como acessório divertido, estiloso e até “descolado”.
Os motivos relatados pelos adeptos são variados:
- Estilo e moda: acessórios customizados e coloridos que ajudam a compor visuais ousados, especialmente em festas e eventos alternativos.
- Conforto emocional: sensação de calma semelhante à obtida com fidget toys ou chicletes.
- Identidade cultural: símbolo em comunidades alternativas, associado à nostalgia e à contestação de padrões.
Vozes da tendência
Ana Luiza, 23 anos, estudante de artes: “Comecei a usar chupeta em festas por brincadeira, mas percebi que ajuda a me distrair e até me acalmar. Hoje já virou parte do meu estilo, tenho várias coloridas e combinando com roupas.”
Rafael Gomes, 28 anos, DJ: “Na cena eletrônica, sempre buscamos símbolos que representem liberdade e diversão. A chupeta voltou como um desses símbolos, e muita gente aderiu pelo visual e pela nostalgia.”
Dados do Google Trends apontam que as buscas pelo termo “chupeta para adultos” cresceram mais de 250% no Brasil nos últimos seis meses. No TikTok, vídeos relacionados à hashtag #adultpacifier já somam mais de 10 milhões de visualizações globais.
Especialistas em marketing digital afirmam que esse aumento está relacionado ao consumo rápido de tendências e à cultura da experimentação promovida por influenciadores digitais. “Trata-se de uma moda de nicho que pode se expandir rapidamente, mas também desaparecer com a mesma velocidade”, explica a consultora de tendências digitais Juliana Monteiro.
Dois especialistas conversaram com a gente sobre este acontecimento tão inusitado:
Dr. Marcelo Vieira, ortodontista, São Paulo, SP: “O uso frequente em adultos pode trazer riscos à saúde bucal, como alteração na mordida, desgaste nos dentes e dores na articulação da mandíbula. É preciso cautela. Assim como fidget toys e outros objetos de autorregulação, a chupeta pode servir como estratégia de alívio da ansiedade. O problema está em quando o uso substitui interações sociais ou passa a ser compulsivo.”

Dilvania Bezerra – Psicopedagoga
Divulgação / Instagram
Dilvania Bezerra, Psicopedagoga, Natal,RN: “A sociedade nunca esteve tão vazia, embora a Internet tenha facilitado grandemente a comunicação e conexão entre pessoas, ela tem de certa forma levado um aumento no isolamento social e relações superficiais. Vejo esses acontecimentos coletivos como uma fuga de realidade, as pessoas estão em sofrimento estão gritando por socorro, estão de alguma forma buscando uma vida perfeita, que não existe! Aquela busca pela diminuição de suas dores, traumas e cicatrizes. O uso de chupetas pode ser um mecanismo de defesa para evitar o enfrentamento direto das causas de stress e ansiedade, é como colocar sujeira para debaixo do tapete, ou seja, o problema continua ali mesmo escondido ele continua. A Psicopedagogia pode auxiliar na compreensão das causas e consequências, oferecendo estratégias e buscando alternativas mais saudáveis. A psicopedagogia combinado com outras abordagens, pode ser eficaz para ajudar esse indivíduo a superar essa dependência. É importante ressaltar que o uso da chupetas em adultos não é uma prática recomendada e pode ter vários prejuízos à saúde tanto física, quanto mental . “
A polêmica
Se por um lado a moda diverte e cria identidade entre grupos, por outro gera estranhamento social. Há quem veja o hábito como infantilização excessiva e até como risco de constrangimento social. Já os adeptos defendem que se trata apenas de uma forma inofensiva de expressão pessoal.
Pais e educadores, por sua vez, se mostram divididos. Alguns relatam preocupação com a associação do objeto infantil a adultos, enquanto outros entendem como uma tendência cultural passageira, sem maiores impactos.
Ainda não se sabe se o uso de chupetas por adultos permanecerá como moda passageira ou se consolidará como símbolo cultural alternativo. O fato é que o tema desperta debates sobre comportamento, saúde e a influência das redes sociais na formação de novos hábitos.
Enquanto isso, para quem aderiu, a chupeta deixou de ser um simples objeto infantil e se transformou em acessório de estilo, identidade e, para alguns, até bem-estar emocional.
- Moderação é essencial: evite uso diário prolongado para não comprometer dentes e mandíbula.
- Higienização constante: lave a chupeta com frequência para evitar bactérias e fungos.
- Atenção ao material: prefira modelos feitos com silicone atóxico, próprios para uso humano.
- Use como acessório, não como dependência: a chupeta pode ser moda ou recurso de relaxamento, mas não deve substituir estratégias saudáveis de lidar com ansiedade.
- Procure orientação profissional: em caso de desconforto ou dor, é importante consultar um dentista ou psicólogo.
Segundo levantamento da ferramenta Google Trends, as buscas pelo termo “chupeta para adultos” cresceram mais de 250% no Brasil nos últimos seis meses. No TikTok, vídeos relacionados à hashtag #adultpacifier já somam mais de 10 milhões de visualizações globais.
Ainda não se sabe se o uso de chupetas por adultos vai permanecer como moda passageira ou consolidar-se como símbolo cultural alternativo. O fato é que o tema desperta debates sobre comportamento, saúde e a influência das redes sociais na criação de novos hábitos.
Enquanto isso, para quem aderiu, a chupeta deixou de ser um simples objeto infantil e se transformou em acessório de estilo, identidade e, para alguns, até bem-estar emocional.