Lucas Speranza, de Lages, e Fabiano Milan, de Modelo, apresentam individuais na Fundação Cultural Badesc
Santa Catarina se destaca pela produção artística contemporânea marcada pela coexistência de múltiplas linguagens. Essa pluralidade evidencia não apenas a riqueza de técnicas e discursos, mas também consolida o estado como um território fértil para artistas emergentes e já estabelecidos, com projeção regional, nacional e internacional.
Embora, como em muitos estados brasileiros, o circuito de arte tende a se concentrar nas capitais, a Fundação Cultural Badesc, que fica em Florianópolis, trabalha ativamente para romper esse paradigma. Por meio de editais e chamadas públicas, a instituição abre espaço para artistas de todas as regiões do estado. Além disso, convida artistas de outras regiões para ministrar oficinas e cursos que ajudam a aprofundar essas discussões e proporcionar essa descentralização.
“Mais do que exibir obras, essas mostras criam registro histórico da produção da arte catarinense. A Fundação possui seu acervo virtual, acessível ao público, com mais de duzentas exposições realizadas, além de catálogos físicos produzidos pela instituição”, destaca Denilson Antonio, coordenador de artes do espaço, considerado um dos mais relevantes de Santa Catarina quando se trata de arte contemporânea.
Dessa forma, a Fundação reafirma seu papel como agente de valorização e estímulo à produção artística. Atualmente, o público pode conferir duas exposições individuais de artistas oriundos do Oeste e da Serra, o que reafirma o compromisso da instituição com a descentralização da arte e o fortalecimento da cena artística catarinense.
O artista visual Fabiano Milan, natural da cidade de Modelo, no Oeste de Santa Catarina, apresenta a primeira exposição individual da carreira, em Florianópolis. Selecionado na Chamada Pública Paulo Gaiad – Primeira Individual, o catarinense apresenta a mostra “Mentalidade Corpórea” no Espaço Paulo Gaiad.
Para o artista, ocupar espaços na Capital de SC vai além da visibilidade. “O lugar de onde viemos importa tanto quanto os lugares que vamos, que ocupamos”, afirma. Milan acredita que estar presente em um espaço como a Fundação é também um gesto de pertencimento, um modo de integrar-se à cultura estadual de forma ampla e significativa.
Apresentar a mostra individual representa a realização de um desejo antigo e, ao mesmo tempo, um marco importante em sua trajetória. “É, em primeiro lugar, a concretização de uma vontade pessoal, por admirar e gostar muito do espaço. E, segundo, pela necessidade de mostrar o trabalho em um lugar relevante, que acolha artistas que precisam desse espaço, que fomente esses artistas, que faça esses artistas serem vistos, valorizados”, compartilha.
Já Lucas Speranza, que é um artista visual que mora na cidade de Lages, na região serrana, conta que apresentar a exposição individual “É a gente que se engana enxergando amor onde não tem!” é a realização de um sonho antigo. “Ocupar todo o ambiente do Espaço Fernando Beck é um sonho antigo, ainda mais que a Fundação Cultural Badesc tem exercido, ao longo dos últimos anos, um papel importantíssimo na minha formação e trajetória, não apenas pelas mostras das quais participei, mas também pelas diferentes experiências que tive com os conjuntos de trabalhos de outros artistas que passaram por este espaço”, destaca.
Selecionado no Edital 2025, Speranza já participou de duas exposições coletivas na Fundação Cultural Badesc, a mostra “O Sul São Meus Pais”, em 2023 no Espaço Fernando Beck e “Gestos e Horizontes”, mostra resultante da Residência Artística e de Pesquisa no Acervo Artístico do artista Paulo Gaiad, em 2024. A mostra atual tem curadoria de Rainara Sofia, em diálogo com a expografia assinada por Estela Camillo.
A Fundação Cultural Badesc fica na Rua Visconde de Ouro Preto, 216, no Centro de Florianópolis, e a visitação pode ser feita de segunda a sexta, das 13h às 19h.



Autor:
Juliano Zanotelli