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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Robótica com recicláveis: inovação acessível nas escolas públicas

Falar em robótica nas escolas públicas ainda causa certo estranhamento para quem associa o termo a equipamentos caros, sensores modernos e softwares avançados. No entanto, a robótica educacional pode (e deve) ser acessível, e uma das formas mais eficazes e criativas de torná-la realidade em contextos de poucos recursos é por meio da utilização de materiais recicláveis.

Mais do que apenas montar “robôs”, a proposta é introduzir conceitos de pensamento computacional, resolução de problemas, lógica e criatividade, utilizando materiais do cotidiano: tampinhas, garrafas PET, palitos de picolé, rolos de papelão, fios, motores reaproveitados de sucata eletrônica, pilhas e muito mais. Com isso, os alunos desenvolvem habilidades importantes enquanto aprendem sobre sustentabilidade e inovação.

Por que isso importa?

A BNCC da Computação estabelece três eixos estruturantes que orientam o trabalho com as tecnologias digitais na educação básica:

  1. Cultura Digital – estimula o uso ético, crítico, responsável e criativo das tecnologias no cotidiano, promovendo a cidadania digital e a participação ativa na sociedade conectada;
  2. Pensamento Computacional – desenvolve a habilidade de resolver problemas de forma lógica, criativa e eficiente, por meio de estratégias como decomposição, abstração, reconhecimento de padrões e algoritmos;
  3. Mundo Digital – promove a compreensão dos sistemas computacionais, suas linguagens, estruturas e funcionamento, incentivando a criação de artefatos digitais e a autonomia no uso das tecnologias.

A robótica com recicláveis atende plenamente a esses objetivos:

  • Estimula o raciocínio lógico e a resolução de problemas;
  • Desenvolve a coordenação motora e o trabalho em equipe;
  • Trabalha a consciência ambiental de forma prática e engajada;
  • Aproxima os estudantes da linguagem tecnológica sem depender de laboratórios sofisticados;
  • Incentiva o protagonismo e o pensamento crítico, ao mesmo tempo em que articula saberes das ciências, matemática e tecnologia.

Além disso, promove a inclusão digital de maneira criativa, já que muitas vezes os estudantes da escola pública têm pouco ou nenhum acesso a dispositivos tecnológicos em casa.

Uma ideia que vale a pena experimentar: projeto de coleta de pilhas e eletrônicos

Uma excelente iniciativa complementar seria a criação de pontos de coleta de pilhas usadas e pequenos eletrônicos descartados nas escolas. Esses resíduos, quando descartados de forma incorreta, podem contaminar o solo e a água com metais pesados como chumbo, cádmio e mercúrio — substâncias altamente tóxicas ao meio ambiente e à saúde humana.

Ao instalar coletores nas escolas e promover campanhas de conscientização, os alunos aprendem sobre o ciclo de vida dos materiais eletrônicos, a importância do descarte adequado e o impacto das nossas escolhas no meio ambiente. Parte desses eletrônicos pode inclusive ser reaproveitada em projetos de robótica sustentável, como motores de celulares antigos, fios de carregadores quebrados, botões e placas de circuito simples.

Essa abordagem pedagógica não só fortalece os conteúdos da BNCC, como também desperta a consciência cidadã e ecológica dos estudantes, ao mostrar que ciência e responsabilidade ambiental caminham juntas.

Quer tentar? Algumas ideias simples:

🔗 Links úteis para se inspirar:

Em vez de esperar por grandes investimentos, comece com pequenas ideias.
Com criatividade, intenção pedagógica e vontade de fazer a diferença, a robótica com recicláveis transforma não só o aprendizado, mas a forma como os alunos se veem diante da ciência e da tecnologia.

Fabiane Carvalho
Fabiane Carvalho
Fabiane Aparecida de Carvalho Santos é professora da educação básica. Graduada em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Pedagogia, possui pós-graduações em Novas Tecnologias Educacionais e Gestão Escolar. Atualmente, cursa pós-graduação em Mídias na Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e participa como aluna do Projeto Desenvolve da Prefeitura Municipal de Bom Despacho. Com ampla atuação no uso da tecnologia no ambiente escolar, Fabiane é instrutora de robótica certificada e já atuou como coordenadora de tecnologia digital. Além disso, já trabalhou como professora de informática no ensino médio e disciplina integradora em curso técnico. Atualmente, leciona em escolas públicas de Nova Serrana, Minas Gerais, onde busca promover a inclusão digital e o desenvolvimento de habilidades tecnológicas entre seus alunos.

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