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quarta-feira, 30 de julho de 2025

O Tempo Não Cura Empresas — A Escuta, Sim

Me disseram que o tempo cura tudo.
E por um bom tempo, eu acreditei.
Até começar a circular pelas empresas e perceber uma verdade incômoda: o tempo não cura — ele mascara.

O que não é resolvido, apodrece.
E o que apodrece, contamina.

Nas minhas palestras, costumo dizer algo que desconcerta quem ainda acredita que o problema está nos números:
O maior desafio das empresas não são os negócios. São as pessoas.

Negócios não criam pessoas.
Pessoas criam negócios.
E onde há gente ferida, há cultura emperrada.

As dores que travam as equipes não aparecem nos relatórios.
Mas estão no silêncio das reuniões.
No tom atravessado de um e-mail.
Na falta de confiança.
Na pressa de decidir sem escutar.

A Gallup já cravou: 70% do clima organizacional vem da liderança.
A Harvard Business Review vai além: emoções não processadas comprometem decisões estratégicas.

É isso: onde falta escuta, sobra ruído.
Onde falta cuidado, sobra desgaste.

Foi por isso que eu e a Tati Gracia criamos a Oficina de Escuta Ativa.
Porque antes de qualquer transformação cultural, é preciso criar o que falta em quase todas as organizações: um lugar de escuta.

Mais do que “dar voz”, abrimos espaço para ouvir o que nunca foi dito.
Ali emergem mágoas, frustrações, inseguranças e afetos esquecidos.
Ali as máscaras caem — e líderes se encontram com a própria humanidade.

Perdoar, pra mim, nunca foi fingir que não doeu.
É reconhecer — e ainda assim, soltar o peso.
Fred Luskin, de Stanford, mostrou em seus estudos: o perdão reduz estresse, melhora foco e protege o coração.
É ciência. Mas também é maturidade.

📖 No livro Diversa-IDADE, escrevemos:
“A falta de empatia nas empresas não começa no outro, começa na mágoa que não cicatrizamos em nós mesmos.”

E o que mais vejo nas empresas hoje?
Investimentos em ferramentas, tecnologia, produtividade…
Mas sem espaço pra conversas reais.

Quer mudar a cultura organizacional da sua empresa?
Não comece por slogans.
Comece por escuta.

Porque no fim do dia, o que trava sua equipe não está no mercado. Está no coração de quem não se sente ouvido.

E se sua equipe anda exausta, dispersa, cínica…
Talvez não falte estratégia.
Falta escuta.


Willians Fiori é neurocientista, psicanalista e especialista em escuta ativa, empatia e inteligência emocional nas organizações. Professor do Hospital Israelita Albert Einstein e coautor do livro Diversa-IDADE, atua como palestrante e consultor em empresas que desejam transformar cultura, fortalecer vínculos e criar ambientes onde liderar começa por escutar.

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