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sábado, 5 de julho de 2025

O Brasil precisa de uma edição do BludFest. E eu vou te explicar por quê.

Em um momento onde ir a um festival virou sinônimo de gastar uma fortuna, o BludFest surge como um grito de resistência. Um evento criado por quem realmente se importa com quem tá do outro lado do palco. E mais do que isso: ele representa um tipo de experiência que falta (e muito) no Brasil. Um festival que é sobre música, sim, mas também sobre acolhimento, pertencimento e preço justo. 

Criado por YUNGBLUD, o BludFest nasceu do incômodo. Sabe aquele momento em que você percebe que os shows viraram eventos de elite? Que boa parte do seu público fiel está ficando de fora porque simplesmente não tem grana pra pagar R$ 800 num ingresso? Foi aí que ele decidiu fazer diferente. Ele pegou tudo o que é injusto na indústria (e não é pouca coisa!) e falou: não aceito mais isso pra mim, nem pra minha comunidade.

A primeira edição aconteceu em 2024, em Milton Keynes, no Reino Unido. Ingressos acessíveis, line-up diverso, espaço pra artistas novos, tendas de apoio pra saúde mental, banheiros neutros, lugar pra quem precisava de silêncio e até uma área chamada “make-a-friend tent”, só pra incentivar conexões reais. Isso tudo num festival de música, tá? Não num centro cultural. Um festival com 30 mil pessoas.

E aí veio 2025. Segunda edição, ainda maior. Line-up com Chase Atlantic, Denzel Curry, Rachel Chinouriri, Blackbear e, claro, o próprio YUNGBLUD. Mesmo com o dobro de estrutura, o preço do ingresso ainda foi MUITO abaixo da média dos festivais internacionais. A vibe? Mesma energia de pertencimento. Mesmo cuidado nos detalhes. Mesmo recado: “isso aqui é de vocês”.

E agora me diz: como é que um festival com essa proposta ainda não pisou em solo brasileiro?

A gente tá vivendo um cenário absurdo por aqui. Quer ir num grande festival? Prepara o bolso: R$ 1.200, R$ 1.800, R$ 2.500 num ingresso. Isso quando não é meia-entrada limitada ou combo com cartão específico. Quem vive de salário mínimo? Fica de fora. Quem sonha em ver o ídolo de perto? Vai assistir pelo celular, de casa, chorando com o ingresso pendente no carrinho do site.

Enquanto isso, a gente tem um público absurdamente apaixonado. Um país que canta cada verso como se fosse oração, que forma fã-clubes, que pinta a cara, faz tatuagem, e se organiza em grupo no WhatsApp só pra ver um vídeo vazado do soundcheck. E mesmo assim, a indústria finge que a gente não existe, ou só nos enxerga como carteira.

O BludFest seria um respiro no meio desse caos. Um lugar onde o fã volta a ser prioridade. Onde a entrada não depende de quantos zeros tem no seu extrato bancário. Onde você pode dançar, gritar, sentar no chão, se emocionar, sem medo de ser você. Imagina o impacto de um festival desses por aqui? Num país com os maiores índices de ansiedade entre jovens, com uma juventude que vive sufocada, que precisa de espaço, de arte, de pertencimento. A gente precisa disso com urgência.

E não é só pelo show. É pela mensagem. Pela construção de uma comunidade real, que não exclui. Que entende que música salva. Que espaço seguro não é luxo, é necessidade.

O BludFest já provou que é possível fazer diferente. E o Brasil, com tudo o que representa no cenário musical, com tudo o que vibra e resiste, merece fazer parte dessa história.

Chegou a hora de transformar o grito de “bring the BludFest to Brazil” em realidade.

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