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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Não aconteceu e tudo bem

Desde pequeno ele a amava, embora, na época, ainda não soubesse dar esse nome ao que sentia.

Nunca se declarou. Nunca teve coragem. Talvez porque soubesse que com ela não tinha chance nenhuma. Zero! Ou talvez pior: negativo!

Ela o chamava de “irmão”, e esse era um título que o feria mais do que qualquer desprezo. Ele era o ombro amigo, o bom ouvinte. Estava presente em cada crise, em cada queda, em cada volta por cima. Era tudo, menos o amor dela. Até que um dia, amar em silêncio ficou insuportável.

Ele cansou de ser o coadjuvante da história que escrevia com o peito sangrando. Cansou de sorrir enquanto ela falava de amores que não eram ele. E foi então que ele fez a única coisa que ainda podia fazer por si: partiu. Não houve briga, nem adeus. Só distância. Ele a bloqueou das redes, apagou o número, desapareceu. Como quem tenta enterrar um sentimento, mesmo sabendo que certas coisas não morrem.

Os anos passaram. E ele nunca mais falou com ela. Mas também nunca mais deixou de pensar nela. Ela virou presença ausente. Morava nos pensamentos dele como uma música que toca ao fundo o tempo todo, mesmo quando o rádio está desligado.

Toda vez que sai na rua, ele olha ao redor como quem busca algo que perdeu há muito tempo, no fundo, ele sabe que é improvável reencontrá-la, mas ainda espera, mesmo que de longe, mesmo que só por um instante, ver aquele sorriso de novo. Hoje, vive como quem carrega um segredo bonito demais para ser esquecido e doloroso demais para ser lembrado o tempo todo. Um amor que não aconteceu, mas que nunca deixou de ser.

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