Arquiteta Rosangela Pena diz que ambientes interligados na área social não são mais tendências, mas sim uma realidade nos projetos residenciais
A integração de ambientes é uma realidade na arquitetura contemporânea global e firmou os dois pés em nosso país. “Ter os cômodos da ala social conectados diz muito sobre o estímulo à convivência no dia a dia dos moradores e nas ocasiões em que recepcionam pessoas importantes para elas“, analisa a arquiteta Rosangela Pena. E esse novo comportamento já é uma marca nos lançamentos realizados pelo mercado imobiliário. De acordo com ela, seja em imóveis compactos, como os studios, e em plantas mais generosas, o layout sempre privilegia a unificação dos cômodos, entregando múltiplas possibilidades de uso. “Mas é claro, a integração total, que inclui cozinha, salas de estar, jantar e varanda, faz sentido quando também decorre de um desejo dos moradores“, destaca Rosangela, que completa com uma importante vantagem: a remoção das paredes é um caminho quando a intenção também é a de ganhar mais amplitude. Porém, a arquiteta diz que o processo não é aleatório: antes ela realiza um estudo prévio para redefinir o layout e avaliar se a parede em questão pode ser derrubada. “Se tiver função estrutural ou uma viga, será preciso permanecer“, enumera sobre as possibilidades que impedem a retirada. |
A tendência atual da varanda integrada ![]() A arquiteta Rosangela Pena em um dos projetos em que realizou a integração entre salas e varanda | Foto: Sidney Doll |
Nos últimos anos, a arquitetura de interiores vive um ‘boom’ das varandas interligadas com o living, recebendo, também, muitas vezes, a sala de jantar. Conforme diz a profissional, essa solicitação se fundamenta com o anseio de desfrutar uma ambientação de estar maior que possibilite tanto o lazer, como o descanso. “É realmente prazeroso poder conviver com as realizações presentes na varanda“, enumera falando sobre os espaços gourmet e um cantinho especial para relaxar e admirar a vista do bairro. Nesses casos, Rosangela diz que é imprescindível promover o nivelamento do contrapiso entre os ambientes e, em muitos casos, retirar a esquadria metálica entregue no projeto original. O próximo passo é especificar um mesmo piso para uma paginação integrativa que entregará continuidade e a percepção de abrangência. “Ganhamos muito quando trabalhamos com os porcelanatos de grandes formatos, que também apresentam juntas mínimas, entre 1 e 2 mm, e possibilidades de acabamentos“, verbaliza ela referindo-se às variações como polido, que pode configurar a sala e o acetinado para a varanda, por questões de segurança. |
![]() Nesse apartamento projetado pela arquiteta Rosangela Pena, o décor determina os ambientes em uma composição fluída pela ausência de paredes, elementos orgânicos e o mesmo piso em toda a área | FOTO: Sidney Doll |
Integração total A incorporação também pode anexar a cozinha, que se torna mais um espaço de convívio em casa. “Essa opção deixa a circulação mais leve, porém são necessários alguns cuidados“, adverte Rosangela. Entre eles, a importância de incluir uma coifa ou depurador capaz de captar os odores e gorduras para que não se espalhem pela casa. Além disso, é primordial oferecer possibilidades de assentos em todos os setores para que eles se tornem convidativos e não apenas lugares de passagem. “Gosto de considerar o uso de sofás, chaises, pufes, mesas e banquetas para transmitirem acolhimento e propiciarem momentos de relaxamento e diversão de uma verdadeira área social“, acrescenta a arquiteta. |
![]() Para deixar a circulação entre os setores ainda mais livre neste apartamento, a arquiteta Rosangela Pena incluiu uma península funcional com cooktop e coifa e espaço para refeições rápidas | FOTO: Sidney Doll |
Outro tópico que não pode ser desconsiderado é a sintonia no décor entre os ambientes. Entre as alternativas relatadas pela profissional, paletas com cores neutras, como o cinza e o off-white, e materiais atemporais, como a marcenaria, são boas escolhas para ambientes aconchegantes e sofisticados. |
![]() Nessa área social, a varanda com mesa de jantar pode ser acessada tanto pela cozinha quanto pelo estar, da mesma maneira que a luz abundante adentra e se projeta em todo o espaço circulável. Para complementar, a arquiteta Rosangela Pena ainda incluiu um jardim vertical | FOTO: Sidney Doll |
![]() Neste outro projeto, a arquiteta Rosangela Pena elegeu uma bancada cinza, em lâmina sinterizada, como um contraponto na ‘divisão’ entre cozinha e sala de estar | FOTO: Sidney Doll |
A conveniência das esquadrias de vidro Elas podem ser retiradas, mas a sua permanência não tira o senso de integração. Rosangela enfatiza que a presença das portas de vidro entrega conexão visual e a conveniência de serem abertas ou fechadas de acordo com as ocasiões. |
![]() Separando o estar e a varanda, as amplas portas de vidro desse projeto deixam os setores integrados quando abertas e fechados quando se deseja mais privacidade. Por aqui a arquiteta Rosangela Pena ainda considerou a instalação de persianas instaladas no forro | FOTO: Sidney Doll |
Recurso também vale para ambientes íntimos A integração é um recurso que pode ser adaptado também para ambientes íntimos, como os dormitórios. “O aproveitamento da metragem dos espaços privativos também precisa ser analisado com o mesmo esmero dos setores de convívio, uma vez que diversas atividades essenciais do cotidiano também são feitas na parte reservada“, reitera. |
Sobre a arquiteta Rosangela Pena Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Cruzeiro do Sul, Rosangela Pena comanda o escritório de arquitetura e interiores em São Paulo; atuando há mais de 20 anos na área, visando integrar sofisticação, funcionalidade e conforto para dar vida a projetos inovadores e contemporâneos com uma qualidade excepcional. A equipe do escritório Rosangela Pena Arquitetura é formada por um time de profissionais bem entrosados e competentes, sendo cada um uma peça fundamental para o funcionamento do escritório como um relógio. |
Autor:
Lucas Janini