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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Avanço da coqueluche em 2025 acende alerta no Brasil: bebês são os mais vulneráveis

Casos da “tosse comprida” dispararam no país e especialistas apontam queda na vacinação e imunidade como principais fatores

O número de casos de coqueluche, também chamada de tosse comprida, cresceu de forma expressiva em 2025, no Brasil, segundo boletins recentes da OPAS e do Ministério da Saúde: até a 19ª semana epidemiológica foram confirmados 1.634 casos e cinco óbitos, o segundo maior registro desde 2019. Deste total, 27,7% ocorreram em crianças com menos de um ano, especialmente entre bebês de menos de seis meses, o grupo mais vulnerável.

Diversos Estados enfrentam surtos preocupantes. Mato Grosso do Sul lidera com 318 casos, seguida por São Paulo (332), Rio Grande do Sul (253), Paraná (251) e Minas Gerais (430). No Rio de Janeiro, a situação também é grave: até junho de 2025 foram registrados 98 casos, um crescimento de mais de 300% em comparação ao ano anterior, consolidando-se como um dos estados mais afetados.

Para a infectologista pediátrica Dra. Izabel Alves Leal, do Grupo Prontobaby, “apesar de alguma melhora recente, a cobertura vacinal no país ainda está abaixo dos 90% recomendados pela OMS. Esse percentual é insuficiente para garantir proteção coletiva e interromper a cadeia de transmissão”, comenta. 

A especialista explica que, sem vacinas suficientes, surgem bolsões de suscetíveis.  “A imunidade de adolescentes e adultos que receberam vacinas acelulares (DTPa/dTpa) tende a diminuir com o tempo, e essas pessoas podem transmitir a bactéria para bebês ainda não completamente imunizados”, completa. 

Dados de 2025 mostram que 452 dos casos (27,7%) ocorreram em crianças com menos de um ano, a maioria com menos de seis meses, destacando o risco crítico dessa faixa etária. A médica também aponta que a vacinação durante a gestação, administrada entre a 27ª e 36ª semanas, é crucial para reduzir até 90% das ocorrências graves em recém-nascidos: “A maioria ocorre em lactentes não vacinados ou com esquema vacinal incompleto, reforçando a importância da imunização materna durante a gestação e da vacinação oportuna dos contatos próximos para proteção indireta desse grupo vulnerável.”, expõe Dra. Izabel.

Em lactentes com menos de três meses, a apresentação da doença pode ser atípica, sem tosse evidente, e manifesta-se por apneia, coloração arroxeada nos lábios, engasgos e recusa alimentar. “Esses sinais exigem atenção imediata”, alerta a especialista. 

As complicações mais frequentes incluem pneumonia, convulsões e insuficiência respiratória, com risco de morte elevado, especialmente em prematuros ou bebês de baixo peso.

A coqueluche é transmitida por gotículas respiratórias liberadas ao tossir, espirrar ou falar, sendo mais contagiosa nas primeiras semanas da infecção, justamente quando os sintomas ainda são leves e muitas vezes despercebidos. Por isso, além da vacinação infantil e materna, a chamada estratégia do “casulo”, que consiste em imunizar todos os contatos próximos do bebê, como pais, irmãos, avós e cuidadores, é essencial para formar uma barreira de proteção ao redor dos recém-nascidos.

O Programa Nacional de Imunizações prevê aplicação da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses, com reforços aos 15 meses e entre 4 e 6 anos. Adolescentes e adultos devem receber reforços da dTpa a cada 10 anos. Em situações de contato domiciliar com caso confirmado, pode ser indicada profilaxia antibiótica.

A coqueluche tem tratamento disponível por meio de antibióticos, eficazes especialmente quando iniciados nos estágios iniciais, e casos graves podem demandar internação para suporte respiratório e nutricional. Dra. Izabel destaca que sinais como cianose, apneia, convulsões ou dificuldade respiratória exigem atendimento hospitalar imediatamente.

“Manter o calendário vacinal atualizado, não apenas das crianças, mas também de gestantes e de todos ao redor, é fundamental para reduzir os riscos. A vacina é segura, eficaz e salva vidas. Cuidar da imunização é um compromisso coletivo com a saúde dos nossos bebês. Prevenir, sempre, é o caminho mais seguro”, conclui a infectologista.

Autora:

Jéssica Leiras

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